BY GEE, BY GOSH, BY GUM, BY JOVE!
We will build for you a hut
You will be our favorite nut...
We will build for you a hut
You will be our favorite nut...
Haja Deus! O Presidente da República, ao viabilizar o diploma que consagra a negociata do Governo com o argentário Joe Berardo, teve a frontalidade de apontar ao carácter leonino da operação, e, por extensão, a incapacidade de um Governo de tansos para defender o interesse público face à arrogância de um mestre de obras arvorado em mecenas. Que para mais se diz ofendido pelo Presidente!
Andámos anos a assistir ao romance e às birras do Joe, que à força queria entrar pela porta grande dos patronos das artes em Portugal. E com razão: em tempos em que “poderoso caballero es Don Dinero”, porque é que o Berardo não havia de enfileirar com o Rei D. Fernando, com Anastácio Gonçalves, com Lacerda, com Espírito Santo, com Gulbenkian?!
Contra a cuidadosa política dos antecessores, que tant bien que mal ainda mantiveram uma réstia de vergonha nas ventas, a iluminada (no sentido medieval) senhora que preside aos destinos da Cultura teve um rasgo, e levou o Berardo aos altares das artes, à custa da dignidade pública.
E tudo isto dá que pensar.
Em primeiro lugar, a questão da Colecção Berardo, não é uma questão de arte nem de um mecenas injustiçado; coitado do Berardo que mal sabe alinhavar duas palavras seguidas; aliás, está por contar quem é e onde pára o adviser que teve o conhecimento, engenho e arte de lhe fazer a colecção. Ou pensavam que o homem era da estirpe de connoisseurs como Espírito Santo, Gulbenkian ou mesmo António Champallimaud de cujo refinado gosto de coleccionador ficámos a saber pelo catálogo da FMRicci? Fica tão bem por saber se o espólio é assim tão, tão, tão deslumbrante que justifique o embevecimento palerma dos media e correspondente agachamento dos poderes públicos à vaidade e ao novo riquismo do Joe.
Em segundo lugar, o caso Berardo é exemplificativo da baixaria do nível dos nossos argentários no que às Artes respeita e no que ao espírito mecenático toca. Comerciantes e homens da banca são uns toscos alheios a tais ninharias, e os que pretendem não ser, mal resistem ao riscar da unha: v.g. Monjardino e o patético e mirífico Museu do Oriente (que à parte bacalhaus, pouco mais tem para lá pôr que a tralha da dinastia Tanga comprada nos tin-tins de Macau), ou Jardim Gonçalves, e a sua Fundação especializada em recuperação de imóveis para agências bancárias ou no monopólio do S. Carlos, como se de uma espanhola por conta se tratasse.
Em último lugar, o caso Berardo é um atestado de deslumbramento parolo dos nossos Governantes, rendidos miseravelmente à chantagem do Joe. Espicaçados pelo concessão da carica da Légion ao amigo Joe pelo embaixador da república dos cabeleireiros e dos perfumistas, e com medo que o nosso madeirense fosse patrioticamente levar a tralha modernista para onde melhor lhe afagassem o coiro, toca de lhe dar o CCB, e o controlo majestático da ucharia.
Cavaco andou muito bem em largar a farpa. O Joe lá respingou, ofendido, diz ele. E a nossa iluminada? Tem alguma coisa a dizer?
Sorte a nossa da colecção não ir lá muito bem com a Torre de Belém ou com o Mosteiro da Batalha, senão...
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