DA MENTALIDADE DE PELOURINHO
Não sou um admirador da personalidade grotesca e muito menos do estilo de manhosa grosseria do Dr. AJ Jardim do governo regional da Madeira. No entanto dou-lhe toda a razão na decisão tomada de proibir a divulgação na Ilha dos nomes de eventuais devedores ao Fisco. Alega Jardim que o Estado deverá ter outros meios de levar às baias os impenitentes fiscais; poderia elaborar: é uma indignidade que o Estado recorra ao "pelourinho" da denúncia pública, e que, face a cidadãos que ao Estado defraudam miseravelmente, não tenha outro recurso que não a baixaria do exibicionismo, nem outra dissuasão que o alimento da intriga e do escárneo da populaça. Vai longe o tempo em que se penduravam nas igrejas as listas dos condenados da judiaria, mas neste País de "unidades de estilo" a mentalidade bufa é a mesma.
Admite o Governo -- num triste entendimento do que seja autoridade e do que seja rigor -- que os balcões e as paredes do Ministério das Finanças podem ser arvorados em sucessores dos velhos pelourinhos onde a turbamulta cuspia, urrava e arremessava dejectos. Lamentável e revelador da mente chula e populista de quem nos governa e da impotência do Estado para sequer lidar com essa delinquência.
Mais valera e mais impressionara divulgar com arautos e trombetas nas praças públicas deste País o relato abjecto dos abusos -- quais os dos CTT -- que as clientelas políticas vão fazendo nas costas deste desgraçado povo.
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