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Je Maintiendrai

"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme

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Tuesday, December 27, 2005


LIKE THE ROMAN

Uma prosa recente de Combustões e a clássica biografia de Enoch Powel (incenso e mirra que também a minha Tia Mary, uma simpática e nonagenária recordação das minhas ligações familiares à pérfida Albion, largou com animus natalitius no meu timberland de fim de semana) desviaram-me as meditações para paragens onde não esperava aventurar-me antes da auto infligida purga intelectual do termo do ano. Vamos ao argumento.
O problema das sociedades multiraciais “construídas” --- como as europeias --- é o facto de assentarem no inconfesso postulado de que as outras raças, que não as nativas do torrão germânico, anglo-saxão ou neo-latino, têm de sofrer um upgrading, de modo a sustentar a tese de que o emparelhamento é lícito e até desejável com vista posta no eldorado da chamada “interculturalidade”. Falácias como divinização das culturas africanas, a sublimização dos tesouros do Islão, ou a intangibilidade espiritual do Oriente são outras tantas manifestações dessa operação onde os destinatários gostosamente se embrulham, não sei se mais ou menos conscientes de quão tansos são eles como quem lhes dá as chitas, os espelhinhos e as contas de vidro. De há muito que conhecemos a outillage com a qual, da nossa banda, o espírito crítico e o conexo sentido do ridículo têm sido miseravelmente emasculados: dos subtis mecanismos intelectuais do relativismo ético e religioso, à fisga primitiva do “politicamente correcto” onde têm sede as folclóricas variações das “desculpas civilizacionais”, as omissões formais (v.g. a questão das raízes cristãs na defunta constituição europeia), o vocabulário ajustado (v.g. Merry Xmas vs. Happy Holidays) os pitorescos da africanização (de S. Agostinho aos faraós) ou semitização de nações inteiras (v.g. Portugal "cadinho de judeus e árabes"), que parece dar muito gosto às gerações presentes dos bem pensantes. Ridículo, simplesmente ridículo.
Ridículo se não fora trágico, isto é, quando esses produtos brancos da cultura de massas também são consumidos, influenciando, por aqueles a quem compete decidir em sede de governo e causa pública. A Europa tem hoje nas mãos e espera atónita a deflagração da granada social que produziu nos arsenais da má consciência dos anos 60 (desgraçada década!). A França, essa monumental sociedade de cabeleireiros, provou-o há bem pouco. Aliás, é de justiça a primazia, paradoxal também numa cultura que em Le Sanglot de l’Homme Blanc de Pascal Bruckner produziu uma das mais lúcidas análises de sempre sobre os ridículos do mito do terceiromundismo e da interculturalidade.
A Grã-Bretanha também teve o seu quinhão de presciência ainda nos anos 60, presciência de que foi paradigma a palavra de Enoch Powell, um dos últimos tribunos da política tory britânica, sobretudo no famoso discurso no Parlamento sobre a vexata quaestio da emigração “Like the Roman I seem to see the River Tiber foaming with much blood”. É, aliás, também a Powell que se deve a denúncia ainda hoje válida (cada vez mais válida) "...We are told in terms of arrogant moral superiority that we have got a 'multi-racial society' and had better like it".
Não me recordo que às praias do Tejo as águas tenham trazido qualquer pedaço que se visse duma discussão que para nós foi e é candente por constituir-se elemento essencial da estrutura intelectual da governance. E a verdade é que cá também não faria mal, mas a crassa da estupidez e do ridículo é tal que nem a chapões de água-raz será possível topar com um oríficio por onde, no invés do percurso de Minerva na testa de Júpiter, a sabedoria penetre e ilumine a mioleira dos nossos decisores...
A continuar.

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