ANTONIO VIEIRA E O SERMÃO DO PEIXE
Acabo de fugir da cada vez mais rara televisão, onde nesta tarde ficou a falar sozinho o iluminado ministro Gago, com aquele ar de peixe charroco que nos mira ampliado de dentro das paredes de um oceanário. Ficou conspícuo e profundo a debitar sobre uma esotérica iniciativa que sob a égide do pobre do P. Vieira, organiza lá na Arrábida debaixo da significativa asa -- ou barbatana -- da Fundação de Monjardino. O tema é a utopia e o futuro e o problema dos “saberes” (horrível palavra! é como a “iliteracia” ou os “aprendentes”), e diz-nos, com gravidade délfica, que os trabalhos estão revestidos do maior segredo e sob o signo do silêncio (onde ouvi já eu isto?). E vai bem a Arrábida: lá está à porta a imagem do frade com a venda nos olhos e o cadeado na boca. Ainda bem, não fora a pesada regra o homem da miopia, perdão, da utopia das ciências, lá teria que explicar e demonstrar que era “sábio” e nós uns “iliterados” a precisar de “aprendência”. Olhe, e o P. Vieira onde é que cabe?
Acabo de fugir da cada vez mais rara televisão, onde nesta tarde ficou a falar sozinho o iluminado ministro Gago, com aquele ar de peixe charroco que nos mira ampliado de dentro das paredes de um oceanário. Ficou conspícuo e profundo a debitar sobre uma esotérica iniciativa que sob a égide do pobre do P. Vieira, organiza lá na Arrábida debaixo da significativa asa -- ou barbatana -- da Fundação de Monjardino. O tema é a utopia e o futuro e o problema dos “saberes” (horrível palavra! é como a “iliteracia” ou os “aprendentes”), e diz-nos, com gravidade délfica, que os trabalhos estão revestidos do maior segredo e sob o signo do silêncio (onde ouvi já eu isto?). E vai bem a Arrábida: lá está à porta a imagem do frade com a venda nos olhos e o cadeado na boca. Ainda bem, não fora a pesada regra o homem da miopia, perdão, da utopia das ciências, lá teria que explicar e demonstrar que era “sábio” e nós uns “iliterados” a precisar de “aprendência”. Olhe, e o P. Vieira onde é que cabe?
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