OS FARISEUS
Com todo o repúdio que indiscutivelmente nos merece qualquer barbaridade do género da cometida, mais valia dizerem “hoje somos todos parvos”. E também mais valera ao Sr. Carp, presidente da comunidade, desagravar os seus mortos em privado e com a discrição que o bom gosto e a piedade impunham. Mas não; tinham que aparecer os “enxeridos” do “bem pensar” de solidéu à banda a chorar umas lágrimazitas por fora e com o coração a tinir de alegria por dentro: finalmente, um incidente anti-semita a sugerir a parificação com os grandes da Europa e a dar alento e sentido de missão ao Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas!
Gostaria de ver o que se passava se amanhã fossem pixar umas meias luas ou uns triângulos nas pedras do Alto de S. João ou no cemitério anglicano ali à Estrela. Imaginam o Dr. Rui Pereira (olha quem!) e o Dr. Costa a proclamarem não menos pungentes que, “quando por preconceito e ódio alguns delinquentes quebram o dever de respeito pelo direito de expressão, de religião e de culto, nós todos nos identificamos com eles”? Mas não, desimaginem-se; os lisboetas sepultos nos campos santos dos Prazeres ou do Alto de S. João não são imigrantes nem minoria étnica, nem prestam pró peditório do “política e saloiamente correcto”. À parte o Bloco de Esquerda (que talvez por pudor não mandou lá um paquete) ainda assim alguém andou bem: foi o Sr. Patriarca que remeteu a representação ao Padre Stilwell, o 'intelectual' mais palerma de toda a diocese; não se estragam duas casas e não se violentou a consciência de um qualquer sacerdote a quem repugnasse o farisaísmo óbvio de tudo aquilo. Se fosse judeu, vomitava.
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