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Je Maintiendrai

"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme

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Thursday, April 13, 2006











DA MINHA MESA NO ORIENTAL

HOMENAGEM AO CONDE DE PARATY

D. Miguel de Noronha de Paiva Couceiro, 4º Conde de Paraty (1909-1979), podia ser lembrado como portador de dois nomes ilustres, um da velha fidalguia de sangue, o outro o da fidalguia do carácter de seu pai Henrique. Na sua natural elegância e discrição, não era homem para se valer disso, e lembramo-lo hoje aqui como mais um outro daqueles nomes que é injusto que se dissolva na já fraca memória portuguesa. Memória das letras e das artes, porque a umas e às outras cultivou com notabilidade que por aí voga discreta. Oficial de Cavalaria de seu mister, andou pelas Áfricas e pela Índia, onde foi Governador de Diu no início dos anos 50. Desenhador de grande mérito, o seu traço era ímpar, originalíssimo e de grande beleza, disperso na ex-librística e na ilustração de algumas obras que deixou. Escritor, o lavor da pena do Conde de Paraty não era menos belo que o lavor do traço, recuperando com originalidade um português terso e elegante, liso e cheio de graça. Não é por acaso que a uma das suas obras mais interessantes, Diu e Eu, a tenha prefaciado o erudito Aníbal Pinto de Castro, que, nela notando “um apurado gosto de escrever e fina sensibilidade para o desenho, fica-se então com a noção exacta do que seja um homem verdadeiramente culto”. Diu e Eu, dedicada aos “Portugueses do Índico” e publicada em 1969 pela Agência Geral do Ultramar, recolhe em 20 capítulos ilustrados pela sua pena, mais um epílogo (gastronómico), uma “série longa de saborosas pinturas onde conseguiu fazer, simultaneamente, história, livro de viagens, e memórias pessoais”, vinte episódios cheios de humanidade e de pitoresco dos anos do seu Governo da velha praça de Diu (1948-1950) que se vê ter amado e que ao seu sentido de justiça e sensibilidade artística lhe fica talvez a dever muito do ímpeto da sua sobrevivência e da dignidade que ainda hoje ostenta.
Das relações de meu Avô, lembro-me ainda do Conde de Paraty, e, tendo lido Diu e Eu, excitava-me a imaginação pensar que par detrás daquele senhor muito sereno e muito distinto, de sorriso irónico, estava o último dos homens de espada e pena que um dia governaram a Índia Portuguesa.

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