EXPOSIÇÃO XAVIERIANA
Fui ver a exposição comemorativa do 5º centenário de S. Francisco Xavier, na Cordoaria Nacional (encerra a 15/4), comissariada por Natália C. Guedes e assessorada historicamente pelo P. António Lopes S.J. Vasta, belas peças rara ou nunca expostas, muita pintura, globalmente uma boa exposição e um catálogo muito razoável (ainda que inferior àqueles com que a extinta Comissão dos Descobrimentos nos brindava…). A deixar um amargo de boca: descuidos tontos nas legendas, omissões crassas (já nem os sábios jesuítas, pelos vistos, dão hoje para isto) – nem uma palavra sobre o Padroado Português (até dá ideia que Xavier saíu de Navarra e passou por aqui a título de cortesia) e nem uma mísera homenagem ao P. Schurhammer S.J. o maior biógrafo de Xavier de todos os tempos. Os textos do catálogo, de valor desigual. Anote-se nele, de pior, o convite à participação de “académico” ausente na Ásia, ao que consta com um processo de expulsão da função pública por irregularidades, e a representação científica da Igreja Portuguesa (P. Peter Stilwell) que não podia ser mais básica e pateta; vai a Bispo…. Contra isso, valem-nos os belos textos de Eduardo Lourenço (“Fé de Império e Império da Fé”), de Aníbal Pinto de Castro (“Essência e Consequências da Formação Humanística de SFX) e o interessante texto do espanhol P. Alonso Romo a recordar como e porquê Xavier se “auto-lusitanizou”. Para além disso, ainda na exposição, mais um pormenor a cheirar à parola “interculturalidade” e "ecumenismo" do patriarcado nacional ou ao fantasma do Geral Arrupe SJ: uns modernos objectos de culto hebraicos e muçulmanos ali metidos a martelo, e um espantoso vídeo sobre a vida do Santo, falado em português com sotaque de malagueña, onde “S. Francisco Xavier” se transmuta em “Francisco de Javier”, video esse com mais propaganda ao turismo de Navarra que alusões às missões do Padroado. A propósito, os Reis Bourbons de Espanha já confirmaram a presença no encerramento solene das comemorações xavierianas, em Dezembro, na Sé de Goa, junto aos despojos do Santo com a cristandade das Índias aos pés. Já disso cá alguém ouviu falar, a ver se tomamos o que por direito nos cabe? Ou será que o Prof. Trocado já acautelou um lugarzito para, depois do beija-mão dos Reis Católicos, debitar em nosso nome um pedido de desculpas aos descendentes dos convertidos à força por Francisco de Javier?
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