NOVAS DA FRENTE DA RÚSSIA
A campanha da Rússia e a Grande Armée são, por razões variadas, muito cá de casa. Um texto de J.A. Maltez a tocar de passagem em Gomes Freire de Andrade trouxe-me à memória que continuo à procura da obra (e concomitantemente dos fundos para a comprar) de P. Boppe, La Légion Portugaise. A última voltinha em Paris rendeu obras curiosas de Von Pivka e Gotteri (na montra). Anda por aí também um mui anunciado “rimance” de José Norton, O Último Távora, na verdade um título disparatado para um excurso sobre a biografia do Marquês de Alorna, como se ele fosse o último da desditosa estirpe. Ainda não abri os cordões à bolsa, desconfiado que sou em gastar dinheiro com os modernos romanceiros, mas já vi que tem virtude nos bonecos, isto é, em incluir alguma iconografia que Fernando Mascarenhas tem ali fechada no palácio dos Fronteira e Alorna, a Benfica.
E Alorna que bem merecia uma boa biografia, remexendo no que publicou Ângelo Pereira, no que haverá em Benfica e no que da carreira do comandante da Legião Portuguesa ao serviço de Napoleão ficou. A ver se, nesta questão, se ultrapassa de vez essa coisa dos “traidores” e dos “patriotas” a que nos habituou a historiografia -- em igual medida e com muito que se lhe diga -- do avental e do nacionalismo.
Sobre Gomes Freire de Andrade, J.A. Maltez segue a linha da hagiografia aventaleira; Sardinha, em 36 páginas escoradas com sólido aparato documental preocupa-se em deixar às claras que Freire era um bom patife e um bom soldado, desprovido de carácter e, como outros, encostado e incensado à sombra do grande Arquitecto. Fica o maniqueísmo, que só prejudica o entendimento de personagens como Alorna, o Marquês de Loulé e D. Miguel Forjaz. Entre tudo e nada, entretanto vai-se salvando a história com o romance; antes assim. Pena é que já não escrevam como Henrique Lopes de Mendonça ou Júlio Dantas.
<< Home