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Je Maintiendrai

"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme

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Wednesday, December 12, 2007



PELA NOITE MUITO DENTRO
The Life And Times of Count Luchino Visconti

Acabo de reencontrar, disponível na net, um excelente documentário da BBCfour sobre Visconti. Imagens belas, testemunhos pungentes ou pelo menos impressionantes de uma biografia atravessada de veios de génio, de grandeza, de distanciamento e de alguma tristeza, que sugere um insuspeito estoicismo. Vão aí abaixo três ou quatro partes que darão ao leitor uma ideia do interesse da série, aliás em bom complemento à longa entrevista conjunta com Maria Callas, que também por aí andou. Mais abaixo um texto antigo deste blog (fev.2006). Não será muito elegante repetir o que escrito foi, mas permito-me relevar a falta pela dedicatória que na altura faltou a MZ, espírito de eleição, sensibilidade ímpar.












Visconti e Tomasi



Notas de Leitura. A propósito da exibição de Il Gattopardo.



O anúncio da exibição em Lisboa de uma versão íntegra de Il Gattopardo, deu-me azo a que não só revisse em casa o film (de facto, já há uns anos em dvd ed. Medusa, na sua versão de cor restaurada, língua original + um dvd de entrevistas, galerias, etc.), mas, sobretudo, a que folheasse três ou quatro livros que os tempos foram aqui acumulando para proveito do meu interesse pela obra e personalidades do Conde Luchino Visconti di Modrone e do Príncipe Giuseppe Tomasi di Lampedusa.
Sobre a famosa película, estamos falados; como a Morte a Venezia, Il Gattopardo tornou-se um “filme de culto”: tanto dos furiosos da cinematografia, tanto de certas tribus, umas assimilando a Morte aos ícones artísticos da homossexualidade rafinée, outras, procurando no Gattopardo um valor com a mesma funcionalidade icónica, aqui do tipo de um auto-consolo aristocrático e revanchista de cariz “ítalo-miguelista”. A uns e outros, a recomendação (escusada) que, a bem do rigor, se debrucem atentamente sobre a profundidade dos textos de T. Mann e de Giovanni Tomasi, ainda que um e outro percam substancialmente despojados do seu sabor original em alemão ou italiano de marca siciliana.
O que hoje notei é que numa época em que os autores literários são os primeiros, em pecuniosa cumplicidade com a indústria cinematográfica, a consentir e avalizar o estupro da sua obra e a divulgação do seu brilho assim tornado fosco (v.g. U. Eco/Il Nome della Rosa, K. Ishiguro/ The Remains of the Day) Il Gattopardo livro/film é (apesar da fidelidade formal quase perfeita do segundo ao primeiro) um dos casos mais acabados de exercícios artísticos libertadores, cuja autonomia é acentuada não apenas pela falta de contacto dos seus autores mas também pelo abismo das diferenças das respectivas personalidades.
Ao génio de Luchino Visconti, sobretudo ao nível arte do cinema e da encenação teatral, conhecemo-lo escalpelizado por tantos textos, sobretudo em obras como a paradigmática de Henry Bacon, Explorations of Beauty and Decay. Mas foi Renzo Renzi (que já nos brindara com magníficos estudos sobre Fellini) quem recordou no seu interessante Visconti Segreto o facto vital que para o Mestre, “il cinema e il teatro furono, per lui, l'occasione di un lungo godimento estetico, quindi di una lunga liberazione, ma insieme anche di una lunga, molto civile, espiazione". Expiação que Alessandro Bencivenni (“L'eredità viscontiana”, in Studi Viscontiani) por si interpretou --- inaugurando uma visão explorada à saciedade, com um manifesto exagero muito petite bourgeoisie --- em termos de que “tutta la sua opera è attraversata infatti da un profondo senso di colpa, legato alla sua duplice "diversità" di omosessuale e di aristocratico, vissuta contemporaneamente come privilegio e come condanna”.
Giuseppe Tomasi é um caso totalmente diferente. O decaído mundo tomasiano não é um mundo ignoto ou revelado no exclusivo do Príncipe de Lampedusa; na sua especificidade e no seu pitoresco foi similarmente vivido e testemunhado por outros sículos contemporâneos como p. ex. o Marquês Fulco Santostefano della Cerda, vulgo Fulco di Verdura, o famoso criador de joalharia dos thirties hollywoodianos, cujas interessantes memórias saíram à estampa com o título Une Enfance Sicilienne, infelizmente apresentada e adaptada na paupérima iniciativa de Edmonde Charles-Roux. Aliás, as imagens un peu fades do belíssimo álbum I luoghi del Gattopardo devido ao próprio filho adoptivo de Tomasi, o Príncipe Lanza Tomasi, têm mais a ver com o mundo descrito por Fulco, do que com as imagens buriladas de Tomasi.
A mola vital de Il Gattopardo livro não está na douceur de vivre, no saudosismo, na tentação estética, mas reside no estranho carácter do seu autor, analisado e descrito magistralmente por David Gilmour em The Last Leopard: a libertação de toda a energia contida de um carácter erudito, tímido e misantrópico, a explosão de uma visão das coisas e dos homens longamente calada e maturada que subitamente tomou forma não apenas num esplendoroso exercício de estética literária, mas sobretudo na construção de um insidioso labirinto intelectual de estáticas e de imobilidades, tão distantes quanto álgido era o próprio Tomasi, um labirinto tão bem descodificado por M. Vargas Llosa em “Mentira de Príncipe”, um texto publicado em La Verdad de Las Mentiras, e que tão poucas vezes é trazido à colação dos estudos leopardinos. Felizmente, estamos muito longe do mundo dos cartoons

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