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Je Maintiendrai

"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme

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Thursday, December 28, 2006

JÁ ESTÁ NA MINHA GAVETA.
Embaixadas de Portugal





Já tenho o livro. Estive há semanas no lançamento feito com a pompa e a circunstância devidas na Sala dos Espelhos do MNE. Aliás – começo a ficar complexado – é o segundo livro de peso que, no espaço de um mês, é apresentado nas Necessidades saído da pena de antigos companheiros das bancas da escolástica: primeiro, o do António Vasconcelos de Saldanha, e agora o do João Corrêa Nunes. Bela obra que já está na companhia de outras irmãs de género das casas Köneman, Rizzoli ou Laurence King Publishers. Daí que se veja que as fotografias de Miguel Valle de Figueiredo estão à altura das de qualquer outro fotógrafo de arquitectura e de arquitectura de interiores que por esse mundo fora existem com fama de grandes na arte. Talvez que o grafismo peculiar do livro lhes não faça a justiça que merecem, mas isso é outra conversa, e o livro merece no todo a distinção e o louvor.
As ilustrações estão acompanhadas de textos sóbrios e minimamente informativos, porque, de facto, o que conta é a grandeza do global, o gosto e a afirmação de uma imagem e do prestígio de um Estado que já foi grande e que ainda é antigo, só porque a antiguidade não se vende. É justo que se diga que a maior parte desta imagem grandiosa (por quem MNE e turiferários agora se engalanaram) se fica a dever ao cuidado, sentido de Estado e ao patriotismo dos homens do Ancien Régime. Na Secretaria de Estado, na Casa, ou no MNE (para os metecos) a memória, como a mentira, tem perna curta; como, aliás, se vê da estúpida apresentação de José Cutileiro na obra. Com maior ou menor diplomacia no discurso, não teria ficado mal notar esse débito no momento da justa vaidade; que se diga: foi ao empenho pessoal de homens como Salazar, António Ferro, Duarte Pacheco, Teixeira de Sampaio ou Paulo Cunha – certamente estimulados por vários diplomatas in loco (quando os diplomatas portugueses eram homens cultos e eram senhores) – que se fica a dever, repetimos, a grandeza do global, o gosto e a afirmação de uma imagem e do prestígio de um Estado que já foi grande. A mesquinhez a que a mesquinhez de Cutileiro alude, deve ser (aliada à vergonha, que com vergonha cala) mais justamente aplicada à política de desleixo, de mau gosto e de falta de grandeza na gestão da logística das missões portuguesas nos últimos trinta anos, abrilhantada por caladas, inconfessas e escandalosas histórias de depredação e roubo do património público lá colocado à guarda dos senhores diplomatas que agora se apresentam como homens da Renascença. Falo do que sei; basta pedir os inventários. E para testemunhar o cuidado e o empenho desses vilões do Antigo Regime, que pena não ser vivo Luís Possollo -- de quem ninguém falou – homem refinado, artista extraordinário, a quem foi entregue a arquitectura de interiores, a selecção, a compra ou a portuguesíssima artesania das peças que ornamentam as maiores embaixadas deste livro. E Basalisa, o autor de muitos dos frescos e ornamentos. E Luís Benavente, que ninguém hoje conhece, homem de Pacheco, a quem o património artístico nacional tanto deve. E inúmeros artistas ou artesãos desconhecidos que para esta grandeza que aí fica à vista de todos, contribuíram. Na minha família havia uma expressão castiça – “o vilão em casa de seu sogro” – empregue para aludir aos excessos de à vontade de rústicos em casa ou à conta do património alheio que por acidente lhes calhara na rifa. É o que apetece dizer aos catitas das Necessidades de agora: vilões; vilões em casa de seu sogro.
Mas o post é de festa pelo surgimento de um belo livro: parabéns ao João Corrêa Nunes e muitos parabéns ao Miguel Valle de Figueiredo. Para celebrar, escolhi três ilustrações: a escada nobre da embaixada em Londres, a fachada da histórica representação portuguesa em Bangkok, e uma bela vista da embaixada no Vaticano. E com intenção (como quase tudo o que escrevo): em primeiro lugar, uma homenagem ao grande Duque de Palmela e a Pedro Theotónio Pereira, artífices locais do que Portugal justamente se honra em Londres, embora hoje entregue nas unhas de um deslustrado embaixador sindicalista; outra, a José Eduardo de Mello Gouveia (outro omisso), que tanto pugnou pelo antigo prestígio de Portugal na Tailândia e pela dignificação da histórica representação do Sião, um processo longo que só foi concluído há dois anos, mas que vem do antigamente. Outra, enfim, ao diplomata e extraordinário homem de cultura que é António Pinto da França (mais um omisso), e ao muito que lhe deve o brilho artístico da magnífica embaixada do Vaticano e de tudo quanto foi presença de Portugal em Roma. Mais valera pedir-se-lhes a introdução da obra.
Disse.

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