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Je Maintiendrai

"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme

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Monday, December 18, 2006


"A última e solene representação da estrutura tradicional do Estado Português da Índia: em 1952, no Palácio do Hidalcão, sede do Governo, em Goa, o Ministro do Ultramar -- já acompanhado pelo Governador da Índia, pelo Patriarca das Índias e pelo Presidente do Tribunal da Relação -- é ladeado pelas derradeiras representações das velhas soluções de protectorado e vassalagem indígenas, o Rei de Sundem e o Rane de Sanquelim" (in A.V.Saldanha, Iustum Imperium. Dos Tratados como Fundamento do Império dos Portugueses no Oriente)
GOA
Correm 45 anos sobre a brutalidade da invasão do território português de Goa e sobre o tema acabo de ouvir a palavra autorizada de Adriano Moreira, uma vez mais apesar das interrupções impertinentes, desta feita não da idiota da Campos Ferreira, mas daquele homem de óculos cujo facies poderá indiciar o que o Lombroso definiria como imbecilidade compulsiva. Mas valha o mérito de alguém (neste caso, o canal balsemónico) se recordar do assunto e convidar o Ministro do Ultramar da altura para ensinar os brutos e avivar a memória dos esquecidos. Entre o que ouvi e o que me lembrou (e houve outro confrade que não esqueceu), decidi-me não só a reeditar abaixo o que há um ano, por esta altura, escrevi sobre o mesmo assunto, mas também algo mais, a acrescer ao que não mudou.
Em primeiro lugar, o livro de M.J. Stocker, Xequemate em Goa, interessante e informativo, mas aquém do que se esperava e se sabe poder ser extraído da monstruosidade documental existente no arquivo do MNE e do Arq. Histórico Ultramarino. Sobretudo, não fica suficientemente sublinhado o facto referido por Adriano Moreira: o clamoroso atentado ao Direito e à Moral internacional assim praticado pela pacifista U. Indiana e o miserável papel da ONU durante toda a crise. Vem de longe. Depois, o facto de ao clássico de história militar, A queda da Índia portuguesa: crónica da invasão e do cativeiro, do ilustre militar Carlos Alexandre de Morais, se terem seguido mais um ou dois títulos de relevo que lamentavelmente donde escrevo me não é possível citar com rigor, mas cujo mérito, entre muitos, é de quebrar o monopólio da galhardia e do testemunho da resistência desse ferrabraz do General Azeredo, ex-ordenança do macróbio Soares e menos conhecido pelo comportamento indigno e ordinário que teve como carcereiro de dignatários do antigo regime na ilha da Madeira. Um outro apontamento, é o da confirmação do fraco salário do crime dos "patriotas" goeses, um bando de marmanjos formado e alimentado por Portugal, gerado nesse grupo racista dos auto-definidos "brâmanes católicos" de Margão, que dias passados sobre aviltantes vassalagens às autoridades portuguesas estavam já a facilitar e a festejar a entrada dos militares sikhs no território. Convenceram-se que a União Indiana lhes daria um estatuto privilegiado de indiática Atenas, quando afinal Nehru (conhecendo a pinta da bicharada) lhes pagou com o desprezo e a humilhação de colocar o território sobre a tutela do governo central, onde se manteve até 87, quando, pela influência de Jack Sequeira junto de Rajiv Ghandi, se tornou efectivamente um Estado autónomo. Que aliás, para lá do negócio do turismo selvagem, em nada se impôs, a não ser pela fama de inépcia e corrupção dos sucessivos governozecos locais. Nada digo sobre os milhares de goeses dignos e leais, que por aqui se exilaram, ou os outros que lá ficaram, que não falam para as câmaras e que, como durante a visita do Dr. Soares, foram empurrados para os cantos das estradas e dos palmares para abrir espaço aos salamaleques das elites locais. Por diversas razões, sobre o destino dos "patriotas" e da carreira "heróica" dos freedom-fighters, também nada digo; o comunóide pai do Ministro António Costa já passou a melhor mundo, mas que falem o nababo tonto do Dr. José Blanco, que anos a fio os andou a apajar com as benesses da FCG, os cúmplices dos traficantes nacionais de antiguidades pilhadas nos templos goeses ou aquele jesuíta renegado e bombista, que hoje, casado e com o passaporte luso nas unhas sobrevive a dar aulas numa das univ. privadas da capital.
Enfim, gostava de ser mosca do Mandovi e, à sombra do velho Palácio do Hidalcão, testemunhar de visu qual vai ser o tom do nosso Presidente e a eventual erupção de postura ideológica e sapatológica da Primeira Dama, quando em Janeiro, ao som dos mandós, dos fados dos Mirandas de Margão, e nos requebros da chula com caril, visitarem a terra que foi a sede política, administrativa e diplomática do Estado Português da Ásia, cabeça do Patriarcado das Índias e Mãe das Missões do Oriente. Suspeito que tudo um pouco demais para os gorgomilos do casal de Boliqueime. Oxalá, durante a genuflexão da praxe na Igreja do Bom Jesus, a vetusta imagem do Santo Xavier prodigiosamente se animasse e lhes desse na tola com o bastão dos Vice-Reis que ainda conserva nas mãos. Em justa paga a este bando de ingratos que por aqui ficou a vegetar no torrão.

A Nossa Velha Goa (post de 17.12.05)
A atenção devida e equanimemente partilhada entre os meus cães, os meus livros e dois ou três mapas cuja vetetusta papelaça os faz carentes de atenção, privaram-me da possibilidade de confirmar as mais sinistras previsões de MCB nas Combustões sobre as alusões comemorativas em mais um aniversário decorrido sobre a invasão do Estado Português da Índia pela União Indiana. Espero que não. Ou que sim, porque tal lembrança constituiria uma pungente dúvida sobre a coerência no desatino da consciência nacional, que considero programático e infalível.
O choroso romance goês continua, mas hoje confinado às gavetas das Necessidades, nos nédios processos das inépcias consulares lusas, nos desmandos majestáticos das Fundações lá deixadas à redea solta, no oportunismo de freedom fighters reconvertidos à esperteza de sugar a teta das bolsas, dos apoios, et al. que a tradicional palermice correctamente pensante por cá prodigaliza com medo de parecer mal...
Entretanto, a memória do que interessa pelas águas cálidas do Mandovi se dilui... Ó jus-historiadores e jus-internacionalistas e mais peritos (tantos, ó céus!) das Relações Internacionais! Para quando um estudo completo e objectivo sobre o que foi a nobre campanha travada em Haia, no Tribunal Internacional de Justiça sobre os nossos direitos na Índia? Para quando a justiça feita a Galvão Telles, Silva Cunha e ao quase esquecido Alexandre Lobato que, sozinhos, arcaram com as responsabilidades da batalha? Porque de resto, já sabemos tudo da bondade, da ternura e das lágrimas de Vassalo e Silva ou da habilidade do último Patriarca das Índias, tanto quanto da dignidade das forças que se quiseram bater e o que fizeram e tantas outras a quem esse direito sonegaram. Dizem-me que jovem doutora granjeou o grau escorada em imponente tese sobre a queda do nosso Estado da Índia. Xeque-mate em Goa é o título. A ver o que dali sai. A imagem xadrezística promete.
Entretanto, não sei se alguém notou, passaram este ano os 400 sobre a fundação do Estado da Índia por D. Francisco de Almeida. Não notaram, já calculo. E é pena porque entre tanta comemoração que não vale a casca acarvalhada de um melão de Almeirim, ninguém se lembrou de picar uma dessas fundações da av. de Berna ou do Salitre e levá-las a fazer ao menos o que qualquer nação de marchantes anafados, como a Holanda, fez com as estrondosas comemorações da sua malfadada VOC. Perdão, parece que houve alguém, mas lá das bandas das Necessidades disseram que era melhor estar quieto para não ofender os Indianos...".

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