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Je Maintiendrai

"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme

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Tuesday, January 02, 2007


NA PRIMEIRA HORA
Eu tinha um post de fim do ano. Mas pensei melhor e deitei-o fora. Cá ficam as palavras redentoras do poema de Fernando de Castro com que gostava de abrir o ano blogosférico de 2007.
A Primeira Hora
Ontem, a meia-noite, a minha rua
abriu de par em par as portas e as janelas
e deitou fora o lixo, as coisas velhas,
cacos, farrapos, latas e panelas.

Era a Primeira Hora
do Ano que chegava,
“E eu -- pensei -- que posso eu deitar fora?
Que poderemos todos deitar fora?”

Ah, Senhor, tanta coisa!
Nem cacos, nem farrapos,
nem latas velhas, nem trapos,
mas tanta dor,
Senhor,
mal empregada.
Tantos gestos errados,
e as pequenas traições
e os pequenos pecados.
As calúnias subtis
as flores venenosas
da alma envenenada.
E a cicatriz
da culpa inconfessada.
E as palavras que ferem como gumes
de afiadas adagas.
Ressentimentos, azedumes
que Te fazem sangrar as cinco chagas.
As larvas dos ciúmes
e as cobras rastejantes
dos pensamentos impuros.
Egoísmos sem fim,
e os altos muros
das torres de marfim.
Descrença,
indiferença,
despeitos recalcados,
amassados com ódios, com rancor,
e o amargo sabor
da solidão.

Ah, Senhor, nesta hora de perdão,
nesta Primeira Hora,
quantas coisas podemos deitar fora!

Fernanda de Castro

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