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Je Maintiendrai

"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme

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Sunday, November 19, 2006




REFLEXÃO APARENTEMENTE AMARGA SOBRE REFLEXÃO ALHEIA
Bela reflexão a d’O Corcunda. Sim, também me revejo nessa sua postura, que também parece assentar no diagnóstico crucial: “…se não tenho dúvidas de que a culpa da derrota das direitas repousa nelas mesmas, creio que esta só se revela por estas terem perdido a sua forma de ser, mutando-se num elemento informe”. Às vezes pergunto-me (e angustio-me) ao pensar que ser de direita se tornou aqui, no lado saudável destes modernos campos de batalha, num exercício desesperado: de invocação de referenciais estéticos, de pequenas cedências à revelação de intimidades que apenas significam sinais de postura perante os outros e perante a vida, de opinião sobre os faits-divers do dia-a-dia sugerindo um caudal mais grosso do amargo ou da esperança que nos vai na alma, ocasionalmente de reflexão que (como esta, a d’O Corcunda) nos faz pensar e equacionar a soma e a totalidade desses sinais díspares. Será porque tudo se tornou num “elemento informe” que vamos tenteando inconscientemente a ver se “as coisas” ainda existem? Outras vezes respondo-me (e conforto-me) que, noutros campos de batalha, sempre assim foi e é assim que deve ser. Como na Fé: tê-la e dar o testemunho, que na incumensurabilidade do seu somatório também sustenta a tradição (de que já certa vez falámos). Recordei por aí um dia que acreditamos em coisas, em princípios, em valores. Acreditar, é a expressão do sistema dinâmico de adesões ou de crenças que constitui a raiz da nossa racionalidade, decorrendo desse sistema de crenças a miríade de vínculos sobre os quais assenta toda a nossa a vida e a nossa Weltanschauung. O Corcunda diagnostica diversos elementos de descaracterização da direita; assim, o que bem define como o “paradigma atomista” ou, pior, o da “definição da existência por oposição”. Poder-lhe-ia juntar, porventura, o sindroma do “esvaziamento na aquisição do tique”, que Combustões, p.ex., tem repetidamente denunciado. No fundo, se calhar, o problema das nossa direita é, pura e simplesmente, não acreditar em valores perenes, tradicionais ou em coisa nenhuma, operando ou pretendendo operar assente num sistema de racionalidade deficiente. Oliveira Martins falava de um universo mosqueado do que chamou a poeira cósmica das religiões passadas, infusa, imensa, impalpável, ocasionalmente brilhante e suspensa sobre tudo o que nos envolve. À nossa poeira, se calhar desaprendemos ou estamos a desaprender o método de a olhar, preocupados que estamos em agarrá-la com os dedos.

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