AINDA NO FIO DA ESPADA
Je Maintiendrai
"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme
Tuesday, February 28, 2006
Monday, February 27, 2006
O Abade de Baçal! Para muitos um símbolo da própria identidade trasmontana, infatigável obreiro da memória cultural do distrito de Bragança. O bom do Reitor Francisco Manuel Alves há mais de meio século que repousa no resplendor da Luz perpétua, mas em Bragança lá lhe continuam a memória no belo museu que honraram com o seu nome. Para os que hoje só podem palmilhar as estradas que levam a Trás-os-Montes pelas estantes da livraria da casa, deve-se-lhe o arrimo das frondosas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança --- “Os Fidalgos”, “Os Notáveis”, “Os Judeus” ! --- e uma multitude de outras páginas de arqueologia, de etnografia e arte. Que beleza, que grandeza, que saudade do tempo que se não conheceu…
Para lá do Marão, mandam os que lá estão…. E se não mandam, mandam neles próprios o que já não é mau nos tempos que correm. Ainda que laços ténues me recordem que algum do meu sangue vem dessa nobre província, a trasmontanice tem dessas coisas, um orgulho sereno que sobrenada sobre qualquer outra origem que nos calhe em maioria na lotaria do nascimento, e um desejo peculiar de periodicamente lá ir beber não sei que forças anímicas. Em poucos sítios de Portugal me sinto apaziguado com a minha ideia da terra e das gentes, em poucos sítios de Portugal me parece mais arrastado o fluir fatal deste País para a vulgaridade. Não sei se é da altura, da grandeza, da largueza das vistas, da cor, da sobriedade e de um não sei quê que distingue essas gentes dos seus vizinhos mais próximos, da secura austera da Beira ou da paroquialidade que nos assalta do Marão para Ocidente. E depois, de Trás-os-Montes só se lembra quem de lá é; não faz mal, é retribuído…
Sunday, February 26, 2006
Entram Suetónio e Thoreau.
Sobre Cogumelos.
Saturday, February 25, 2006
Friday, February 24, 2006
...E O MEU VILÃO
E o meu vilão favorito, herói de juventude: Alain Wheatley - O Sheriff de Nottingham!
Com a expressa licença de Eurico de Barros, e a bem da homenagem à minha geração, aqui ponho e deixo uma sua bela crónica dos idos de Fevereiro de 95, no Diário de Notícias:
“Nascemos a olhar para ela.
Na senda de Combustões, homenagem a um dos vultos mais extraordinários da Europa Setecentista – Frederico II da Prússia, “Rei-Filósofo, melómano, descrente, granadeiro, amigo das crianças e dos animais”.
A registar: a sua grandeza de espírito nas décadas de correspondência de Frederico (“le solitaire de Sans-Souci”) com Voltaire (“le patriarche de Ferney”).
A admirar: a sua sensibilidade no belíssimo Andante da sua Sinfonia Nº 1 em G maior.
A vibrar: (adoro marchas!) com a sua e famosa Hohenfriedberger March
Vale!
THE MASK
Tenho pena de não ter assistido à prelecção do António Vasconcelos na UC de que nos dá conta Combustões. Gostava de o rever e gostava de o ouvir – tenho-o por sério, por sensato e informado – numa questão que vai bradando aos céus (o desatino da política externa portuguesa no que à Ásia respeita) e que tem a ver com os tristes rumos deste País. Amigo que lá passou assevera-me que os diplomatas presentes e o representante de sexa o MNE saíram de lá com as orelhas a arder. É que o ponto com autoridade mais insistentemente martelado pelo nosso Prof. foi aquele onde mais dói aos funcionários do MNE e ao moribundo satélite Instituto Camões: falta de pensamento, falta de estratégia, falta de acção, falta de dignidade e falta de sentido de Estado na aproximação às nossas responsabilidades históricas na Ásia. Bem, e se calhar é isso: o tempo é de desresponsabilização e de fechar nos armários quanto cheire a ultra-mar… Ou então é só estupidez.
Wednesday, February 22, 2006
Acreditamos em coisas, em princípios, em valores. Acreditar, é a expressão do sistema dinâmico de adesões ou de crenças que constitui a raiz da nossa racionalidade, decorrendo desse sistema de crenças a miríade de vínculos sobre os quais assenta toda a nossa a vida e a nossa Weltanschauung. Abundância ou complexidade de vínculos nunca foi indicativo de felicidade ou paz de espírito. Recordo que a catequética tradicional nos prevenia justa e continuadamente da má selecção, e sobretudo, do excesso de respeitos. E tanto assim é, que o despojamento próprio das asceses religiosas ou de correntes puramente filosóficas como o estoicismo comungam de um mesmo desiderato prático que é o alívio do eu, uns como condição de perfeita e transcendente comunhão na Divindade, outros como utilitária garantia da felicidade no vale de lágrimas do mundo dos homens. A natural ou despretenciosa sabedoria dos simples, dos grandes e dos justos é precisamente marcada pelo despojamento e pelo reducionismo das crenças às essências.
É a crença “nacionalista” uma essência? Corre na confraria um debate intenso sobre “nacionalismo”, não tanto um debate segundo os cânones tradicionais onde a ideia, como unidade, sustenta a polémica, mas um debate que ainda se vai esvaindo na definição conceptual ou na definição dos planos onde (para cada um) assenta a “logística das ideias”.
Penso que me calha também dizer de meu direito. Colho aqui e ali considerações que na generalidade perfilho; que “as nações pertencem realmente ao domínio da construções humanas, das realizações do homem na história, não constituindo factos da natureza, como parecem pensar alguns tolos” (Sexo dos Anjos), um “bom profiláctico contra as dissoluções delirantes que tantas vezes se acoitam sob a bandeira internacionalista”, e, portanto, um “residual inócuo” quando contrastado com o plano superior da ordem moral (O Jansenista), um plano de exercício de cidadania (assim, cidadania nacional) definido por moldes consagrados na tradição, compatível e, em nosso entender, não miscível com o que alguém definiu como a cidadania do género humano, maxime se tivermos bem clara a escala de valores da lição evangélica e das laborações tomísticas e neo-escolásticas (mihi).
Como Português em Portugal, entendo o problema do nacionalismo estreitamente vinculado à questão da tradição. O nacionalismo subsume-se e ganha sentido na viabilidade da tradição específica de uma nação; o nacionalismo é, assim, simultaneamente, a manifestação de fé na existência da tradição, o grito de unidade lançado ao exterior, o auto-sustento anímico de aceitação de uma construída unidade política.
***
Há tempos, em agradável debate com o confrade Corcunda, falou-se de tradição, em sede de Direito e de Justiça. Retenho só o que na altura contrapunha, i.e. que a “tradição” correctamente destacada e invocada, se constitui como a unidade, manifestação palpável do ajuste continuado das formas aos princípios, e, portanto, da legitimidade das mesmas formas, sejam elas um sistema normativo ou um quadro institucional.
A tradição, é traditio no seu sentido exacto, uma dinâmica que se verifica enquanto ao longo dos séculos houver mãos naturalmente dispostas a formar cadeias por onde um património, erguido, flua naturalmente ao longo desses mesmos séculos. A falta de expontaneidade de oferta dessas mãos, mata a tradição e retira-lhe a legitimidade: a tradição deixa então de ser o património que, vivificando, flui serenamente, passando a exibir-se como uma mera carcaça que vamos atirando mecanicamente para a frente.
Constato com dor que Portugal é hoje um país e uma nação com cada vez menos tradição. O fluxo vital dos valores que me são queridos vem de há muito a ser corroído, e até interrompido, pelo iluminismo burguês, pelo positivismo, pelo marxismo, pelo simples laicismo ou pelo demoliberalismo, com o efeito catalizador das rupturas revolucionárias a que a nossa débil estrutura sócio-cultural tem sido sujeita nos últimos dois séculos e meio.
Ora, não acredito sinceramente nem me obrigo à sujeição a uma ideia nacional num país onde a legitimidade dos valores em que acredito deixou ou está em vias de deixar de existir porque deixaram de fluir ou brotar do que alguém definiu como a “consciência nacional portuguesa”, fazendo-se depender a sua persistência de um esforço de imposição, persuasão ou proselitismo doutrinário, por simpáticos que me sejam os seus fautores.
Valerá a pena combater o bom combate, na esperança de melhores dias? É um facto que durante anos e anos, regime após regime, guerra após guerra, paz após paz, a relativa unidade estruturante dos Portugueses permitiu na quadrícula geográfica a laboração e a sobrevivência de uma ideia de “portugalidade” com os correspondentes sentimentos de identificação e adesão, e até de “cumplicidade” entre portugueses. Há uma frondosa corrente de pensamento e de doutrina que assentou a sua vitalidade, a sua sedução, e até, a sua poesia, no dado adquirido da consistência étnica dos velhos habitantes do torrão nacional, nas marcas deixadas pelo contacto e pela luta continuada face ao meio onde secularmente se fixou, na memória da experiência histórica comum, enfim, na maneira de se ser face à vida e aos outros, que é no fundo o resultado depurado da interacção dos anteriores. Registo Teixeira de Pascoais (na Arte de Ser Português), ou Jorge Dias (Estudos do Carácter Nacional Português), ou Cunha Leão (O Enigma Português) como autores dos que mais aguda e realisticamente desceram às profundezas do ethos nacional. Lamento muito deixar de parte as variações de autores como António Quadros ou Agostinho da Silva, cujo simpático delírio causou estragos ainda difíceis de avaliar em termos da acreditação nos meios da intelectualidade tradicionalista de mitos universalistas e interculturais do género do 5º Império da Portugalidade, do “abraço armilar” ou da lusofonia mística. A essa escatologia (no sentido teológico, precise-se) estamos a vê-la todas os dias no Rossio, no Martim Moniz, no Catujal, na Linha de Sintra, no sucesso da CPLP ou na simpatia com que diariamente nos brindam os “irmãos” africanos ou brasileiros…
Durante a maior parte da nossa História a portugalidade, a tradição e as formas de adesão “nacionalista” que ela suscitava, assentaram em expressões particulares e culturalmente distintas de espiritualidade religiosa, de estética, de adopção de determinadas instituições do Poder, de sentimento histórico, de sentimentos de pertença, de formas de relacionamento social interno e de formas de relacionamento no exterior, de sentido crítico, de sensatez e até de sentido de humor.
A quebra demográfica, a globalização acelerada, a introdução em progressão geométrica do elemento alienígena no tecido nacional, a suburbanização das populações e a decadência do espírito crítico são outros tantes golpes a corroer a viabilidade dessa tradição, e, em simultâneo, a criar os fundamentos de um mundo novo. E chegará o dia em que seremos confrontados --- cada vez mais o somos --- com o facto de que o sentirmo-nos portugueses não se traduz num viver digno numa determinada comunidade de cultura, história e etnia, mas numa vil sujeição aos tiques e aos ritmos de uma promiscuidade de vulgaridades, de folclores e de tribus, que nem sequer é ou já será a portuguesíssima “apagada e vil tristeza”.
E assim como a ideia tradicional de cariz jurídico-político do pactum subjectionis era naturalmente assumido ou justamente dissolvido por tirania ou outras formas de desvio, começo a admitir que o pactum que me liga à ideia nacional se dissolve gradualmente por tirânica degradação dos pressupostos da adesão nacionalista. A ideia tradicional de “portugalidade” é cada vez mais distante da realidade social e cultural que se encerra nas fronteiras políticas, limitando ou cerceando a possibilidade de persistirem ou de se desenvolverem os tradicionais sentimentos de identificação e adesão próprios dos crentes daquela. Com a propensão nacional para a simplificação chineleira, essa nova realidade continuará a suscitar identificações e adesões, mas não, decerto, as minhas. Portugal e os Portugueses galopam felizes em direcção a uma nova identidade fandanga, onde, com as anónimas menos-valias comuns ao triste Ocidente dos nossos dias, se amalgam específicos valores nacionais, do pior do que sempre em nós houve mas que agora perdemos a vergonha de exibir porque fomos abençoados com o dom de relativizar os tais “sentimentos passivos” de que falava Almada --- “a resignação, o fatalismo, a indolência, o medo do perigo, o servilismo, a timidez” --- cumulando no resultado já diagnosticado (e quanto nos custou ouvi-lo da boca do galego Camilo José Cela): tristes, invejosos, sem grandeza porque sem auto-estima.
Como não tenho feitio nem gosto para ficar sentado a sonhar com o 5º Império com Tróia a arder à volta, arrogo-me o direito de ponderar se também vale a pena considerar essa vertente poderosa do nacionalismo que é o apego à tradição. E pergunto-me se ainda haveremos de regressar aos tempos heróicos do medioevo em que nos destroços barbarizados do Império Romano a tradição foi piedosamente conservada em ilhas de cultura, geograficamente distantes mas coesas numa noção transcendental do destino humano, alheios a vínculos nacionais (se é que havia nações) e sobreviventes na insistência da possibilidade de ver o mundo, como Dante, sub specie civilitatis.
PEQUENO ALMOÇO COM UTE LEMPER
Berlin Cabaret Songs
Não. Não se trata de qualquer disquisição de história militar, referida ao lendário mot de Cambronne em Waterloo, e muito menos expressão opinativa sobre estilos de governo.
"...Quite apart from its subject matter, this is a perfect book for the john. Shitting doesn't lend itself to any narrative pattern, and "Merde" is best read in short or long installments, depending on the state of your colon. At times, Lewin strives too hard for puns and clever remarks: "We are told that in a single year the French king Louis XV was subjected to more than two hundred purges and a comparable number of enemas. (Evidently not all of his time was spent on the throne.)" But you won't find a more elegant or a wittier treatise on shit in any bookstore this season..."
Tuesday, February 21, 2006
PARA ACABAR DE VEZ COM A CARTEIRA
Monday, February 20, 2006
SOZINHO NA MESA DO ORIENTAL
MAUGHAM, CONRAD & RAFFLES
Sunday, February 19, 2006
O Afilhado e o Delfim.
E assim, de duas uma: ou Prof. Trocado ainda terá alguma utilidade num qualquer desígnio do laboratório sulfídrico do Prof. Marcelo, ou a questão é mais simples e reduz-se chãmente ao jogo troquilhas e cúmplice das ententes do mundo dos pareceres jurídicos e da FDL.
Ficamos cientes das escolhas de Marcelo.