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Je Maintiendrai

"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme

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Tuesday, October 31, 2006













CONTRIBUTO PARA O COMBATE AOS EFEITOS DO PESSIMISMO ANTROPOLÓGICO - II


CONTRIBUTO PARA O COMBATE AOS EFEITOS DO PESSIMISMO ANTROPOLÓGICO - I
Li Combustões aqui e ali, debrucei-me sobre as disquisições d'O Jansenista, por ali e acolá, e estive por um triz para encarrilar pela mesma via, carrear umas tretas dessa velha mula hipócrita que era Séneca, e até mesmo umas passagens sublimes de Tomasi di Lampedusa sobre a irreversibilidade da encascada baixeza humana. Mas não, hoje Je Maintiendrai ao menos a boa disposição da urbanidade na adversidade. Qual Misantropo.
A memória de Jim Carrey em The Mask e outras piquenas da casa Jaguar logo a seguir.



EU HOJE ACORDEI ASSIM
Série Desastres. Por la mañana al despertar - III
(Em fundo: Kiri Te Kanawa - "Boy Wanted" - Gershwin)

Sunday, October 29, 2006

Cher - "Am I Blue"

PELA NOITE DENTRO


MIND YOUR MANNERS


Do igualitarismo classista como promoção do igualitarismo da má educação.

Brilhante página de Theodore Dalrymple



The Madness of Jewcentricity


".... Put his finger right on it, on the seemingly eternal madness of Jewcentricity, a madness that now binds Jews, Muslims and Americans together in the most improbable ways."

Um excelente artigo sobre as alucinações do judeocentrismo.


DOS CLÁSSICOS
"Our ancestors were not fools. They knew what we, I think, are in danger of forgetting — that the whole background of life, in law, civil administration, conduct of life, the terms of justice, the terms of science, the value of government, are the everlasting ramparts of Rome and Greece — the father and mother of civilisation. And for that reason, before they turned a man into life at large, they arranged that he should not merely pick up, but absorb into his system (through his hide if necessary) the fact that Greece and Rome were there. Later on, they knew, he would find out for himself how much and how important they were and they are, and that they still exist..."
Rudyard Kipling, A Book of Words, cap. XI ("The Uses of Reading").

La Grande Illusion, 1937

Saturday, October 28, 2006




JUNKERS










































EU HOJE VOU TER DE ACORDAR ASSIM
Edgar P. Jacobs - "Olrik"


COISAS QUE VALE A PENA LEMBRAR


We're all big babies. Bombarded by petty rules, bossy advice and celebrity tittle-tattle, we have forgotton how to be adults. It's time we grew up... The plain fact is that you are being treated like a baby. You, I, all of us are on the receiving end of a sustained campaign to infantilise us: our tastes, our responses, our behaviour, our private thoughts, our decisions, our buying habits, our philosophies, our political sensibilities.
We are told what to think. We are talked down to. We are distracted with colour and movement, patronised, spoon-fed, our responses pre-empted and our autonomy eroded with a fine, rich, heavily funded contempt... Aqui

Friday, October 27, 2006

AS ESCOLHAS DE MARCELO


BLOGGING?
Lido Algures na Blogosfera


"...This temptation to act a role, and in the process to shock the complacent, is partly the simple willingness of most people to live up to the picture others have of us, provided it does not demand too much effort, and even at times, if our spirits are high, to offer them a self-caricature. But it also involves something else in Johnson, which goes much deeper and which we can only call "self-burlesque": a self-burlesque in which so much of what we find ourselves defending or disputing with such heat is, against the cosmic backdrop, seen as trivial, and as little more than doomed posturings and gestures..."

W. Jackson Bate, Samuel Johnson, 1977, p. 198:
















DA MINHA GAVETA
História da Marinha Portuguesa

Louvando-me da recordação olissiponense do confrade de Bic Laranja – que também puxou dos brios da minha gaveta – e ainda em maré de águas e livros de marinhagem, aqui fica uma palavra de recordação da bela edição do vol. I da História da Marinha Portuguesa, edição do Club Militar Naval, comemorativa do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal, com o patrocínio do Ministro da Marinha e do Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, que, no despacho de publicação de Abril de 1939, confiava num projecto “que dentro do máximo rigor histórico seja digno das nossas tradições marítimas e integrado no renascimento de Portugal”. A Comissão Organizadora da História era presidida pelo cientista Capitão de Mar e Guerra Abel Fontoura da Costa, e a investigação e redacção confiadas ao erudito historiador da Marinha Capitão de Mar e Guerra Tancredo Octávio Faria de Morais (em foto); as ilustrações eram do Capitão-Tenente Álvaro Hogan, a quem se deve precisamente a que aqui incluímos – “Entrada da frota dos cruzados no Tejo para a conquista de Lisboa”. Lamentavelmente, a edição não passou deste Vol. I (Da Nacionalidade a Aljubarrota), dado à estampa em 1941, possivelmente devido à doença e morte de Tancredo de Morais, que terá deixado um outro volume inacabado.

Thursday, October 26, 2006


EU HOJE ACHO QUE VOU ACORDAR ASSIM
Série Desastres. Por la mañana al despertar - II
(Em fundo: Max Raaebe & Palast Orchestra In meiner Badewanne bin ich Kapitän)
Ao ilustre germanista de Combustões

Wednesday, October 25, 2006
















DA MINHA GAVETA
Marinheiros de Portugal

Da pilha de livros portugueses de que vou paulatinamente dando conta por mero gosto de leitura, sem as preocupações do estudo e da informação que nos empurram cada vez mais para fora do que é nosso, acabo de terminar os Marinheiros de Portugal, da pena do Almirante D. Bernardo de Mesquitella, publicado pela Portvgalia Editora em 1923 e distribuído simultaneamente em Lisboa e no Rio de Janeiro.
O Almirante D. Bernardo da Costa de Sousa de Macedo já não era novo quando o livro foi dado à estampa; nascera em 1863, numa família da velha fidalguia lisboeta, e teve uma carreira distinta na Marinha de Guerra e na administração ultramarina até se afastar do serviço por altura da implantação da República. Nele tornou a reingressar voluntariamente para ocupar o seu posto por ocasião da 1ª Guerra. Os quadros apresentados nos Marinheiros têm, assim, um nítido pendor memorialístico; de “apontamentos de vários “livros de quartos”, lhes chama o seu autor, coligidos e dedicados “aos meus camaradas: Homens do mar: Oficiais e Marinheiros”. Não se pense, pois, encontrar nos Marinheiros um repositório literário de memórias de viagem; não; são 35 pequenos quadros da vida da marinharia portuguesa do século XIX, um desfilar de tipos humanos em situações vividas – dos modestos marinheiros Salmonete ou d’Olhão ao lendário Capitão-de-Mar e Guerra Soares de Andrea -- traçados com uma pena cheia da humanidade e do pitoresco das personagens e das múltiplas paragens por onde andou o Almirante D. Bernardo, quadros esses, para mais, escritos no belo português de um marinheiro da velha escola, homem de acção doublé de erudito.
A edição abre com duas “cartas prefácio” de outros dois ilustres homens do mar: uma de Sacadura Cabral e outra de Gago Coutinho, esta datada de 25 de Outubro de 1922, “em viagem” a bordo do Porto, que vale a pena reproduzir por muito bem sintetizar a valia do livro do Almirante Mequitela:
Todos os que já vivemos a vida aventurosa do homem do mar, mesmo sem dotes naturais para lhe apreciar o lado artístico, sabemos, contudo, que ela é, mais do que outra, susceptível de ser romantizada, de modo a interessar o observador ávido de impressões excitantes ou imprevistas. Porque, no meio do materialismo moderno, essa vida de luta, que é a vida do mar, em contacto constante com o perigo, faz homens enérgicos e decididos; torna-os nobres e cavalheirescos. Ali, com a maior simplicidade, se arrisca a vida, às vezes para salvar a do nosso semelhante, mas em muitos casos, banalmente, para evitar que se parta um pau, que arrebente um cabo, que se rasgue uma vela... Eu já vi, no alto mar, arriar um escaler guarnecido de gente para se apanhar um pombo... Assim, mais além do que cumprir a divisa da marinha portuguesa "A Pátria honrai...", se procura honrar a própria humanidade. Era na antiga Marinha, com os seus navios de vela e a maior demora das viagens no mar, à mercê do vento, onde se tornavam mais interessantes os episódios marítimos, as histórias sensacionais de corsários ou de cruzeiro de escravatura, tão bem descritos nos Quadros Navaes de Celestino, hoje fora de moda e esgotados. A vida moderna do homem do mar, a conduzir complicadas máquinas, navios, e até já a conduzir máquinas de voar, tornam a marinha quasi desinteressante e prosaica; a vida de bordo tende a confundir-se com a vida industrial da fábrica, onde os riscos são banalmente cobertos pelas companhias de seguros... Bem difícil se tornou pois, encontrar literatura e poesia no mar. Assim bem haja o autor de estas narrativas que vem continuar a tradição dos escritores portugueses de contos marítimos, onde ressalta a nobreza e o sentimento da vida do mar e é apresentado na sua face real, dedicado, simpático e humano, o Marinheiro Português, em geral tão ignorado”.
A edição dos Marinheiros, tem, além de tudo o mais, a valia considerável de cada um dos 35 quadros ser antecedido de belas vinhetas navais devidas à pena do Comandante Pinto Basto, do Capitão Menezes Ferreira e de Carlos da Motta e Silva. Folhas mortas de uma Marinha que hoje já não há, num País a quem, mais e mais, vão fazendo esquecer que foi constituído por uma gente de mar.

Should I? - 1929


Temos homem! O Jansenista lá apanhou o tom...


EU HOJE ACORDEI ASSIM

Série Desastres. Por la mañana al despertar - II

(Em fundo: Max Raaebe & Palast Orchestra Der Onkel Bumba aus Kalumba tanzt nur Rumba)


CAFÉ por aqui também. Que a noite é longa.




HORÁCIO E FR. LUIS DE LEÓN

Colhido com a devida vénia em Tradicción Clásica um belo poema da Antiguidade numa formosa interpretação de Fr. Luis de León (1527-1591). "Se trata de un diálogo amebeo, consistente en que ambos interlocutores se van respondiendo con igual número de versos y similar contenido en sus intervenciones. La técnica es más propia del género bucólico y aparece únicamente aquí en la obra de Horacio. Para los especialistas, cabría precisar que Horacio se inspiró muy probablemente en una composición de Catulo, la 45, donde aparece un contenido comparable y también una especie de diálogo entre dos amantes."
Não são as calmas do Outono propícias à revisão dos Clássicos?

ODE 3.9
Donec gratus eram tibi
nec quisquam potior bracchia candidae
cervici iuvenis dabat,
Persarum vigui rege beatior.
«donec non alia magisarsisti neque erat Lydia post Chloen,
multi Lydia nominis
Romana vigui clarior Ilia.»
me nunc Thressa Chloe regit,
dulcis docta modos et citharae sciens,
pro qua non metuam mori,
si parcent animae fata superstiti.
«me torret face mutua Thurini Calais filius Ornyti,
pro quo bis patiar mori,
si parcent puero fata superstiti.»
quid si prisca redit Venus
diductosque iugo cogit aeneo,
si flava excutitur Chloe
reiectaeque patet ianua Lydiae?
«quamquam sidere pulcriorille est,
tu levior cortice et inprobo
iracundior Hadria,
tecum vivere amem, tecum obeam lubens

Fr. Luis de León:

HORACIO: Mientras que te agradava,
y mientras que ninguno, más dichoso,
los braços añudava
al blanco cuello hermoso,
más que el persiano rey fui venturoso.
LYDIA: Y yo, mientras no amastea otra más que a mí, ni desdichada,
por Cloe me dexaste,
de todos alabada,
y más fui que la Ilia celebrada.
HOR. A mí manda agora
la Cloe, que canta y toca dulcemente
la vigüela sonora;
y porque se acreciente
su vida, moriré yo alegremente.
LY. Y yo con inflamado
amor a Calais quiero, y soy querida;
y si el benigno hado
le da más larga vida,
la mía daré yo por bien perdida.
HOR. Mas, ¿qué, si torna al juego
Amor, y se torna a dar firme laçada;
si de mi puerta luego
la rubia Cloe apartada,
a Lydia queda abierta y libre entrada?
LY. Aunque Calais hermoso
es más que el sol, y tú más bravo y fiero
que mar tempestuoso,
más que pluma ligero,
vivir quiero contigo y morir quiero.


PELA VIDA

O Juramento Hipocrático

A discussão da questão do referendo do aborto, tem demonstrado uma vitalidade de convicções e de afirmação dessas mesmas convicções, o que salutarmente surpreende num período de desânimo e de interrogações sobre a solidez do que genericamente e sem necessidade de maiores explicações e relativismos entendemos como os valores. E já ninguém nega à blogosfera as virtualidades de comunicação e de coesão numa questão desta seriedade. Diariamente daqui tiramos essa certeza e uma abundância de argumentos e reflexão que nos satisfazem. Entre o muito que foi dito e muito bem dito, gostaria de deixar uma palavra de referência e homenagem à primeira linha de muitos soldados anónimos deste combate, o grande número de médicos e paramédicos que não esperaram pelo farisaísmo da política para, firmes, corajosamente e de há muito (sabe Deus com que ocasionais e dolorosos dilemas internos), se negarem diariamente e no seu local de trabalho a sujar as mãos e a ferir a sua consciência. Uma negação que permitiu relegar no consenso público os praticantes ao nível da moralidade mais que duvidosa das abortadeiras de capote e lenço e do cambão médico da clandestinidade. É significativo que sejam estrangeiros os que mais ganham e esperam ganhar com uma eventual liberalização deste mercado, pois que o Governo é forçado a recorrer ao estrangeiro para fazer cumprir a lei.
E não falamos unicamente de médicos e paramédicos cristãos ou sequer religiosos. Basta ser-se digno e ter gravados na consciência aqueles princípios que quase naturalmente presidem à sagrada tarefa de cuidar e salvaguardar a vida. Dizem-me que caiu em desuso a prática do juramento formal do texto que remonta ao longo de 2.500 anos ao grande Hipócrates de Kós, dado como o Pai da Medicina, precisamente por constituir-se como o paradigma da inseparabilidade do saber e da ética de conduta que deve nortear a vida do médico, tanto no exercício profissional, como fora dele. Desuso formal que em nada afecta a validade ou a quase sacralidade intrínseca desses princípios. Conhecem-nos, quero crer, a maioria dos profissionais de saúde e recordam-nos, sem que para isso dependam da sua consagração em decreto ou da vontade reguladora, dita, na sua insignificância, política.
Considera-se por isso oportuno trazer aqui o Juramento Hipocrático. Traduzido do grego ao longo de milénios para o latim, para o hebreu, para o arábe, para o persa e para todas as línguas modernas, e adaptado no incipit a todas as religiões do Livro, é um dos mais nobres documentos de toda a história da Humanidade, sempre actual pela revelação perene da dignidade humana que assenta, precisamente, na afirmação luminosa da vida.

Juramento de Hipócrates
(versão clássica)

"Juro por Apolo Médico, por Esculápio, por Higéia, por Panacéia e por todos os deuses e deusas, tomando-os como testemunhas, obedecer, de acordo com meus conhecimentos e o meu critério, a este juramento:
Considerar o meu Mestre nesta arte como igual aos meus Pais, fazê-lo participar dos meios de subsistência que dispuser, e, quando necessitado, com ele dividir os meus recursos; considerar seus descendentes iguais aos meus irmãos; ensinar-lhes esta arte se a desejarem aprender, sem honorários nem contratos; transmitir preceitos, instruções orais e todos outros ensinamentos aos meus filhos, aos filhos do meu Mestre e aos discípulos que se comprometerem e jurarem obedecer à Lei dos Médicos, e a nenhum outro.
Aplicar os tratamentos para ajudar aos doentes conforme minha habilidade e a minha capacidade, jamais os usando para causar dano ou malefício. Não darei veneno a ninguém, embora solicitado a assim o fazer, nem aconselharei tal procedimento. Da mesma maneira não darei a mulher os meios para provocar o aborto.
Em pureza e em santidade guardarei a minha vida e a minha arte. Não usarei da faca nos doentes com cálculos, mas nisso cederei o lugar aos habilitados. Nas casas em que ingressar apenas socorrerei o doente, resguardando-me de fazer qualquer acto mal intencionado, especialmente acto sexual com mulher ou homem, escravo ou livre. Não relatarei o que no exercício do meu mister ou fora dele no convívio social eu veja ou ouça e que não deva ser divulgado, mas antes considerarei tais coisas como segredos dos mais sagrados.
E então, se mantiver este juramento e não o quebrar, possa eu desfrutar honrarias na minha vida e na minha arte, entre todos os homens e por todo o tempo; porém, se transigir e cair em perjúrio, que sobre mim recaia todo o contrário."

Tuesday, October 24, 2006


Do Equador à loja do Chinês
Ardeu Tróia! A credibilidade literária de Miguel Sousa Tavares anda pelas ruas da amargura, ou melhor, abaixo do Equador.
Incompreensão, pura incompreensão. A provar-se o alegado, sugerimos ao nosso autor que exija ser lido à luz de critérios de compreensão honrados pelos séculos. E para o efeito que se agarre a um clássico sobre esse paraíso das cópias e dos plágios que é a China; nada mais nada menos que o delicioso estudo de William P. Alford, To Steal a Book Is an Elegant Offense: Intellectual Property Law in Chinese Civilization. Uma obra onde Alford, nas palavras da recensão de Ralph Croizier, “convincingly demonstrates how the "political culture" of the Imperial State -- more concerned with controlling dissemination of heterodox ideas than protecting authors' "property rights" -- combined with the society's general attitude towards knowledge as accessible received wisdom from the past to stifle the emergence of an idea of "intellectual property" such as took place in post Renaissance Europe”. Colará?



AINDA AS NECESSIDADES

CAMÕES. ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA TOTAL


Espanta-me que um excelente e oportuno post de Fernanda Leitão sobre a Língua Portuguesa não tenha, que saiba e até hoje, suscitado um único comentário na blogosfera próxima. E todavia, trata de uma questão importante qual é a da definição da política cultural externa portuguesa, e, em particular, da instituição oficial a quem cabe essa responsabilidade, o Instituto Camões.
Há muito, muitíssimo, para dizer sobre o desgraçado Instituto onde as Necessidades delegaram essas hercúleas responsabilidades. Melhor dirá, que não eu, quem o sabe ex officio, mas sempre se recorda que Simonetta Luz Afonso foi o desastre que se anunciou e que se esperava entre quem disto sabe um pouco: o clássico princípio de Peter, revelado na inabilidade total do saltar do patamar da feitura de exposições e pavilhões para aqueloutro, convenhamos um pouco mais exigente, da responsabilidade de conceber e implementar uma política de cultura no exterior. Mais um paradigma da visão saloia da “cultura” como um panelão de sopa de cozido, onde bóiam uns “cultos” que ocasionalmente lá vão na concha que é cega ao prato estendido onde se derrama. Nisto, estes super-mestres de trabalhos manuais em tempos ao serviço do comemorativismo cavaquista e guterrista, como Simonetta, pedem meças a qualquer um. Aliás, disto está ilibado o Governo porque o rasgo da escolha vem do tempo de Barroso e da cabeça oca da então Ministra Teresa Gouveia, mais obcecada num qualquer ajuste de contas de género com Maria José Stock, através de uma rabiosa non-entity como a Sec. de Estado Manuela Franco, do que com problemas de política cultural. Freitas do Amaral também pode limpar as manitas às paredes das Necessidades, porque, podendo sanear, perpetuou a situação por inércia; e a situação deu naquilo que está à vista. E o que está à vista não é bonito: um Instituto Camões pulverizado, tonto, vesgo e pobre; sem política e sem cabeça. Uma rede de centros culturais e de leitorados, batida e sacrificada com pouca honra para o País nas aras daqueles concursos que ficarão célebres no consulado de Simonetta pelo que Fernanda Leitão bem define como “balcões de amiguismo, cunhas e compadrio”. Conheço relativamente bem e de visu as situações da Europa e da América Latina que Fernanda Leitão tão bem denuncia; estou mais longe da Ásia e da África, mas consta-me que a catástrofe, o regabofe e o mau cheiro já também chegam às nascentes do Nilo.
Dizem de Simonetta que está de saída para a merecida e incontornável reforma. On dit on dit também que para dirigir o mega-projecto museológico desse homem de cultura que é Carlos Monjardino, aliás partner leonino na condução dos interesses culturais portugueses no Oriente. Saúde e muito proveito. De saída também aquela diminuta senhora, a Vice-Presidente Luísa Bastos de Almeida, do breed das diplomatas burocratas, posta lá pelo Ministério precisamente para moderar e invocar os interesses do Ministério numa casa gerida por gente que não é do Ministério. Também aqui, para desventura nossa, falhou a máquina, já que a tão vocal diplomata sobre isto nem pio. Apesar de tudo, não deixou de arrecadar o prémio habitual do bom comportamento, a embaixadazita da praxe.
Mas, nesta fase do campeonato, de minimis non curat praetor. O que verdadeiramente importa é vermos qual é a vontade e a tenção do Governo sobre a nova presidência do ICamões, em termos de avalizar as pretensões dos cronnies da ainda Presidente do ICA, autênticos vibriões, que se lhe agitam à volta, ou então as dos “suspeitos do costume” da kultur nacional.
Na hora da despedida, Simonetta carregará várias responsabilidades (e a personagem bem se importará…) e deixará ao seu sucessor e ao Ministério que a nomeou uma bem pesada herança: a demolição das réstias de lógica interna e do mínimo de consistência que ainda existia no Instituto Camões, a perda escusada de importantes prerrogativas e a gratuita assunção de pesadas e alheias responsabilidades.
E para entrar directamente no que de mais pertinente escreve Fernanda Leitão, é isso que notaremos: o que, pela negativa, distinguiu a presidência de Simonetta das dos seus dois imediatos e tão diferentes antecessores – Maria José Stock (hoje na Universidade) e Jorge Couto (hoje Bibliotecário-Mor do regime). E o que a distingue é ter conseguido levar o MNE (e este MNE deixou-se levar) a cometer duas burricadas, que só não são de palmatória porque a palmatória é pouca para o crime. Refiro-me aquilo a que tanto socialistas e sociais-democratas, no MNE e no Instituto Camões, tiveram noutros dias o cuidado e a presciência de nunca admitir em tempo algum: num sentido, a entrega de uma das mais relevantes e influentes prerrogativas do ICA, qual era a acção cultural externa, ao Ministério da Cultura, cuja fama de inépcia ou inoperância nesta área, como a da celebrada beberragem, vem de longe. Ignoro se a asneira se consumou, mas as conversações estavam adiantadas e só dilatadas porque o pobre desconfiou da abundância da esmola. A segunda burricada – tão bem ou ainda mais grave – essa consumada está pela mão e palavra de António Braga. É a decantada absorção das responsabilidades que eram do Ministério da Educação no ensino da Língua Portuguesa no estrangeiro. É disso que, essencialmente, fala o post de Fernanda Leitão: dessa monstruosa confusão de objectivos, de missões, de políticas (e também de orçamentos brutais e de brutais dimensões e custos políticos de gestão desse pessoal) qual é misturar na mesma saca o ensino da Língua Portuguesa a portugueses no estrangeiro, com políticas de Língua cujos destinatários primeiros são os estrangeiros. E bem conclui Fernanda Leitão:
“Parece-nos evidente que, apesar de todos os pesares causados pelo Ministério da Educação, é a este que compete o ensino básico ministrado no estrangeiro. Pois se o Ministério dos Negócios Estrangeiros não tem sabido fazer do Instituto Camões uma instituição irrepreensível, como quer fazer-nos acreditar que vai saber dirigir o ensino da língua pátria às crianças de famílias lusas? Não se estará a pôr o carro à frente dos bois? Não teriam de limpar, primeiro, o Instituto Camões e só depois tomar decisões de fundo? Não teriam, primeiro, de obrigar o Ministério da Educação a cumprir os seus deveres com as escolas, e quem as serve, no estrangeiro? Não receiam os frutos desta decisão dentro de poucos anos? Deviam recear”.


DAS NECESSIDADES

Dinheiros públicos. Sobre o célebre FRI cassé e btw esturro em Luanda.


DA JUSTIÇA

Três oportunas chamadas de atenção sobre uma das áreas da coisa pública onde mais sinistra é a conjunção de interesses políticos e onde mais se mina o que resta dos fundamentos deste País: a Justiça em Portugal n' O Sexo dos Anjos - sobre o Tribunal Constitucional, o Ministério Público e sobre a conexa questão dos Ministros da Justiça. Apetece perguntar: por onde andam essas cabecinhas esforçadas e sabedoras dos Profs. Gomes Canotilho, Jorge Miranda e Vital Moreira, guardiões encartados da Democracia?


Para Pensar

"...numa brincadeira de amigos, fizemos uma simulação de votação dos grandes portugueses. No nosso círculo ganhou o Fernando Pessoa, mas em segundo lugar ficou Salazar, votando neste gente anti-salazarista. Todos chegámos à conclusão que votámos na mesma opção, porque Pessoa é uma espécie de anti-Salazar e Salazar, uma espécie de Anti-Pessoa."

Monday, October 23, 2006


EU HOJE ACORDEI ASSIM

Série Desastres. Por la mañana al despertar - I

(Em fundo Max Raabe & das Palast Orchestra - Mein Gorilla)

Sunday, October 22, 2006


ULTIMA RATIO: BOTAFUMEIRO!

Sobrevivente às modernices do Vaticano II: 80 kg de prata a 70km/h para fazer dores de cabeça aos Jansenistas e outros hereges que se ponham a jeito.
Na Catedral de Santiago, em Compostela.



AINDA AS HOMENAGENS A ASSUMPTA

O Jansenista também tentou a sua sorte. Em ambiente barriobajero; vestido de domador de leões e disfarçado de Almodóvar.

"¿Qué he hecho yo para merecer esto!" (Pedro Almodóvar, 1984)

Saturday, October 21, 2006






A BELA ASSUMPTA
Homenagem a Assumpta Serna, a actriz com mais charme de todas as Espanhas. JM sabe o que diz, já que um dia, desvanecido, teve a honra de lhe ser apresentado algures numa cantadoria madrilena não longe da Calle del Almirante. Cantava-se a clássica La Bien Pagá; puxando da honra lusa (sempre!), JM distinguiu-se no coro e aos olhos e ouvidos da bela Assumpta, graças às lições em boa hora um dia havidas do velho D. Javier.
E como no quita lo cortés a lo valiente, fica aqui cantada pelo grande Miguel de Molina, dedicada aos Confrades Çamorano e Misantropo, em cuja jaula disto se falou.

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