Je Maintiendrai
"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme
Tuesday, October 31, 2006
Sunday, October 29, 2006
Saturday, October 28, 2006
We are told what to think. We are talked down to. We are distracted with colour and movement, patronised, spoon-fed, our responses pre-empted and our autonomy eroded with a fine, rich, heavily funded contempt... Aqui
Friday, October 27, 2006
Lido Algures na Blogosfera
W. Jackson Bate, Samuel Johnson, 1977, p. 198:
História da Marinha Portuguesa
Louvando-me da recordação olissiponense do confrade de Bic Laranja – que também puxou dos brios da minha gaveta – e ainda em maré de águas e livros de marinhagem, aqui fica uma palavra de recordação da bela edição do vol. I da História da Marinha Portuguesa, edição do Club Militar Naval, comemorativa do Duplo Centenário da Fundação e Restauração de Portugal, com o patrocínio do Ministro da Marinha e do Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, que, no despacho de publicação de Abril de 1939, confiava num projecto “que dentro do máximo rigor histórico seja digno das nossas tradições marítimas e integrado no renascimento de Portugal”. A Comissão Organizadora da História era presidida pelo cientista Capitão de Mar e Guerra Abel Fontoura da Costa, e a investigação e redacção confiadas ao erudito historiador da Marinha Capitão de Mar e Guerra Tancredo Octávio Faria de Morais (em foto); as ilustrações eram do Capitão-Tenente Álvaro Hogan, a quem se deve precisamente a que aqui incluímos – “Entrada da frota dos cruzados no Tejo para a conquista de Lisboa”. Lamentavelmente, a edição não passou deste Vol. I (Da Nacionalidade a Aljubarrota), dado à estampa em 1941, possivelmente devido à doença e morte de Tancredo de Morais, que terá deixado um outro volume inacabado.
Thursday, October 26, 2006
Wednesday, October 25, 2006
DA MINHA GAVETA
Marinheiros de Portugal
Da pilha de livros portugueses de que vou paulatinamente dando conta por mero gosto de leitura, sem as preocupações do estudo e da informação que nos empurram cada vez mais para fora do que é nosso, acabo de terminar os Marinheiros de Portugal, da pena do Almirante D. Bernardo de Mesquitella, publicado pela Portvgalia Editora em 1923 e distribuído simultaneamente em Lisboa e no Rio de Janeiro.
O Almirante D. Bernardo da Costa de Sousa de Macedo já não era novo quando o livro foi dado à estampa; nascera em 1863, numa família da velha fidalguia lisboeta, e teve uma carreira distinta na Marinha de Guerra e na administração ultramarina até se afastar do serviço por altura da implantação da República. Nele tornou a reingressar voluntariamente para ocupar o seu posto por ocasião da 1ª Guerra. Os quadros apresentados nos Marinheiros têm, assim, um nítido pendor memorialístico; de “apontamentos de vários “livros de quartos”, lhes chama o seu autor, coligidos e dedicados “aos meus camaradas: Homens do mar: Oficiais e Marinheiros”. Não se pense, pois, encontrar nos Marinheiros um repositório literário de memórias de viagem; não; são 35 pequenos quadros da vida da marinharia portuguesa do século XIX, um desfilar de tipos humanos em situações vividas – dos modestos marinheiros Salmonete ou Zé d’Olhão ao lendário Capitão-de-Mar e Guerra Soares de Andrea -- traçados com uma pena cheia da humanidade e do pitoresco das personagens e das múltiplas paragens por onde andou o Almirante D. Bernardo, quadros esses, para mais, escritos no belo português de um marinheiro da velha escola, homem de acção doublé de erudito.
A edição abre com duas “cartas prefácio” de outros dois ilustres homens do mar: uma de Sacadura Cabral e outra de Gago Coutinho, esta datada de 25 de Outubro de 1922, “em viagem” a bordo do Porto, que vale a pena reproduzir por muito bem sintetizar a valia do livro do Almirante Mequitela:
“Todos os que já vivemos a vida aventurosa do homem do mar, mesmo sem dotes naturais para lhe apreciar o lado artístico, sabemos, contudo, que ela é, mais do que outra, susceptível de ser romantizada, de modo a interessar o observador ávido de impressões excitantes ou imprevistas. Porque, no meio do materialismo moderno, essa vida de luta, que é a vida do mar, em contacto constante com o perigo, faz homens enérgicos e decididos; torna-os nobres e cavalheirescos. Ali, com a maior simplicidade, se arrisca a vida, às vezes para salvar a do nosso semelhante, mas em muitos casos, banalmente, para evitar que se parta um pau, que arrebente um cabo, que se rasgue uma vela... Eu já vi, no alto mar, arriar um escaler guarnecido de gente para se apanhar um pombo... Assim, mais além do que cumprir a divisa da marinha portuguesa "A Pátria honrai...", se procura honrar a própria humanidade. Era na antiga Marinha, com os seus navios de vela e a maior demora das viagens no mar, à mercê do vento, onde se tornavam mais interessantes os episódios marítimos, as histórias sensacionais de corsários ou de cruzeiro de escravatura, tão bem descritos nos Quadros Navaes de Celestino, hoje fora de moda e esgotados. A vida moderna do homem do mar, a conduzir complicadas máquinas, navios, e até já a conduzir máquinas de voar, tornam a marinha quasi desinteressante e prosaica; a vida de bordo tende a confundir-se com a vida industrial da fábrica, onde os riscos são banalmente cobertos pelas companhias de seguros... Bem difícil se tornou pois, encontrar literatura e poesia no mar. Assim bem haja o autor de estas narrativas que vem continuar a tradição dos escritores portugueses de contos marítimos, onde ressalta a nobreza e o sentimento da vida do mar e é apresentado na sua face real, dedicado, simpático e humano, o Marinheiro Português, em geral tão ignorado”.
A edição dos Marinheiros, tem, além de tudo o mais, a valia considerável de cada um dos 35 quadros ser antecedido de belas vinhetas navais devidas à pena do Comandante Pinto Basto, do Capitão Menezes Ferreira e de Carlos da Motta e Silva. Folhas mortas de uma Marinha que hoje já não há, num País a quem, mais e mais, vão fazendo esquecer que foi constituído por uma gente de mar.
HORÁCIO E FR. LUIS DE LEÓN
Colhido com a devida vénia em Tradicción Clásica um belo poema da Antiguidade numa formosa interpretação de Fr. Luis de León (1527-1591). "Se trata de un diálogo amebeo, consistente en que ambos interlocutores se van respondiendo con igual número de versos y similar contenido en sus intervenciones. La técnica es más propia del género bucólico y aparece únicamente aquí en la obra de Horacio. Para los especialistas, cabría precisar que Horacio se inspiró muy probablemente en una composición de Catulo, la 45, donde aparece un contenido comparable y también una especie de diálogo entre dos amantes."
ODE 3.9
Donec gratus eram tibi
Fr. Luis de León:
HORACIO: Mientras que te agradava,
PELA VIDA
O Juramento Hipocrático
A discussão da questão do referendo do aborto, tem demonstrado uma vitalidade de convicções e de afirmação dessas mesmas convicções, o que salutarmente surpreende num período de desânimo e de interrogações sobre a solidez do que genericamente e sem necessidade de maiores explicações e relativismos entendemos como os valores. E já ninguém nega à blogosfera as virtualidades de comunicação e de coesão numa questão desta seriedade. Diariamente daqui tiramos essa certeza e uma abundância de argumentos e reflexão que nos satisfazem. Entre o muito que foi dito e muito bem dito, gostaria de deixar uma palavra de referência e homenagem à primeira linha de muitos soldados anónimos deste combate, o grande número de médicos e paramédicos que não esperaram pelo farisaísmo da política para, firmes, corajosamente e de há muito (sabe Deus com que ocasionais e dolorosos dilemas internos), se negarem diariamente e no seu local de trabalho a sujar as mãos e a ferir a sua consciência. Uma negação que permitiu relegar no consenso público os praticantes ao nível da moralidade mais que duvidosa das abortadeiras de capote e lenço e do cambão médico da clandestinidade. É significativo que sejam estrangeiros os que mais ganham e esperam ganhar com uma eventual liberalização deste mercado, pois que o Governo é forçado a recorrer ao estrangeiro para fazer cumprir a lei.
E não falamos unicamente de médicos e paramédicos cristãos ou sequer religiosos. Basta ser-se digno e ter gravados na consciência aqueles princípios que quase naturalmente presidem à sagrada tarefa de cuidar e salvaguardar a vida. Dizem-me que caiu em desuso a prática do juramento formal do texto que remonta ao longo de 2.500 anos ao grande Hipócrates de Kós, dado como o Pai da Medicina, precisamente por constituir-se como o paradigma da inseparabilidade do saber e da ética de conduta que deve nortear a vida do médico, tanto no exercício profissional, como fora dele. Desuso formal que em nada afecta a validade ou a quase sacralidade intrínseca desses princípios. Conhecem-nos, quero crer, a maioria dos profissionais de saúde e recordam-nos, sem que para isso dependam da sua consagração em decreto ou da vontade reguladora, dita, na sua insignificância, política.
Considera-se por isso oportuno trazer aqui o Juramento Hipocrático. Traduzido do grego ao longo de milénios para o latim, para o hebreu, para o arábe, para o persa e para todas as línguas modernas, e adaptado no incipit a todas as religiões do Livro, é um dos mais nobres documentos de toda a história da Humanidade, sempre actual pela revelação perene da dignidade humana que assenta, precisamente, na afirmação luminosa da vida.
Juramento de Hipócrates
(versão clássica)
"Juro por Apolo Médico, por Esculápio, por Higéia, por Panacéia e por todos os deuses e deusas, tomando-os como testemunhas, obedecer, de acordo com meus conhecimentos e o meu critério, a este juramento:
Tuesday, October 24, 2006
Incompreensão, pura incompreensão. A provar-se o alegado, sugerimos ao nosso autor que exija ser lido à luz de critérios de compreensão honrados pelos séculos. E para o efeito que se agarre a um clássico sobre esse paraíso das cópias e dos plágios que é a China; nada mais nada menos que o delicioso estudo de William P. Alford, To Steal a Book Is an Elegant Offense: Intellectual Property Law in Chinese Civilization. Uma obra onde Alford, nas palavras da recensão de Ralph Croizier, “convincingly demonstrates how the "political culture" of the Imperial State -- more concerned with controlling dissemination of heterodox ideas than protecting authors' "property rights" -- combined with the society's general attitude towards knowledge as accessible received wisdom from the past to stifle the emergence of an idea of "intellectual property" such as took place in post Renaissance Europe”. Colará?
AINDA AS NECESSIDADES
CAMÕES. ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA TOTAL
Há muito, muitíssimo, para dizer sobre o desgraçado Instituto onde as Necessidades delegaram essas hercúleas responsabilidades. Melhor dirá, que não eu, quem o sabe ex officio, mas sempre se recorda que Simonetta Luz Afonso foi o desastre que se anunciou e que se esperava entre quem disto sabe um pouco: o clássico princípio de Peter, revelado na inabilidade total do saltar do patamar da feitura de exposições e pavilhões para aqueloutro, convenhamos um pouco mais exigente, da responsabilidade de conceber e implementar uma política de cultura no exterior. Mais um paradigma da visão saloia da “cultura” como um panelão de sopa de cozido, onde bóiam uns “cultos” que ocasionalmente lá vão na concha que é cega ao prato estendido onde se derrama. Nisto, estes super-mestres de trabalhos manuais em tempos ao serviço do comemorativismo cavaquista e guterrista, como Simonetta, pedem meças a qualquer um. Aliás, disto está ilibado o Governo porque o rasgo da escolha vem do tempo de Barroso e da cabeça oca da então Ministra Teresa Gouveia, mais obcecada num qualquer ajuste de contas de género com Maria José Stock, através de uma rabiosa non-entity como a Sec. de Estado Manuela Franco, do que com problemas de política cultural. Freitas do Amaral também pode limpar as manitas às paredes das Necessidades, porque, podendo sanear, perpetuou a situação por inércia; e a situação deu naquilo que está à vista. E o que está à vista não é bonito: um Instituto Camões pulverizado, tonto, vesgo e pobre; sem política e sem cabeça. Uma rede de centros culturais e de leitorados, batida e sacrificada com pouca honra para o País nas aras daqueles concursos que ficarão célebres no consulado de Simonetta pelo que Fernanda Leitão bem define como “balcões de amiguismo, cunhas e compadrio”. Conheço relativamente bem e de visu as situações da Europa e da América Latina que Fernanda Leitão tão bem denuncia; estou mais longe da Ásia e da África, mas consta-me que a catástrofe, o regabofe e o mau cheiro já também chegam às nascentes do Nilo.
Dizem de Simonetta que está de saída para a merecida e incontornável reforma. On dit on dit também que para dirigir o mega-projecto museológico desse homem de cultura que é Carlos Monjardino, aliás partner leonino na condução dos interesses culturais portugueses no Oriente. Saúde e muito proveito. De saída também aquela diminuta senhora, a Vice-Presidente Luísa Bastos de Almeida, do breed das diplomatas burocratas, posta lá pelo Ministério precisamente para moderar e invocar os interesses do Ministério numa casa gerida por gente que não é do Ministério. Também aqui, para desventura nossa, falhou a máquina, já que a tão vocal diplomata sobre isto nem pio. Apesar de tudo, não deixou de arrecadar o prémio habitual do bom comportamento, a embaixadazita da praxe.
Mas, nesta fase do campeonato, de minimis non curat praetor. O que verdadeiramente importa é vermos qual é a vontade e a tenção do Governo sobre a nova presidência do ICamões, em termos de avalizar as pretensões dos cronnies da ainda Presidente do ICA, autênticos vibriões, que se lhe agitam à volta, ou então as dos “suspeitos do costume” da kultur nacional.
Na hora da despedida, Simonetta carregará várias responsabilidades (e a personagem bem se importará…) e deixará ao seu sucessor e ao Ministério que a nomeou uma bem pesada herança: a demolição das réstias de lógica interna e do mínimo de consistência que ainda existia no Instituto Camões, a perda escusada de importantes prerrogativas e a gratuita assunção de pesadas e alheias responsabilidades.
E para entrar directamente no que de mais pertinente escreve Fernanda Leitão, é isso que notaremos: o que, pela negativa, distinguiu a presidência de Simonetta das dos seus dois imediatos e tão diferentes antecessores – Maria José Stock (hoje na Universidade) e Jorge Couto (hoje Bibliotecário-Mor do regime). E o que a distingue é ter conseguido levar o MNE (e este MNE deixou-se levar) a cometer duas burricadas, que só não são de palmatória porque a palmatória é pouca para o crime. Refiro-me aquilo a que tanto socialistas e sociais-democratas, no MNE e no Instituto Camões, tiveram noutros dias o cuidado e a presciência de nunca admitir em tempo algum: num sentido, a entrega de uma das mais relevantes e influentes prerrogativas do ICA, qual era a acção cultural externa, ao Ministério da Cultura, cuja fama de inépcia ou inoperância nesta área, como a da celebrada beberragem, vem de longe. Ignoro se a asneira se consumou, mas as conversações estavam adiantadas e só dilatadas porque o pobre desconfiou da abundância da esmola. A segunda burricada – tão bem ou ainda mais grave – essa consumada está pela mão e palavra de António Braga. É a decantada absorção das responsabilidades que eram do Ministério da Educação no ensino da Língua Portuguesa no estrangeiro. É disso que, essencialmente, fala o post de Fernanda Leitão: dessa monstruosa confusão de objectivos, de missões, de políticas (e também de orçamentos brutais e de brutais dimensões e custos políticos de gestão desse pessoal) qual é misturar na mesma saca o ensino da Língua Portuguesa a portugueses no estrangeiro, com políticas de Língua cujos destinatários primeiros são os estrangeiros. E bem conclui Fernanda Leitão:
“Parece-nos evidente que, apesar de todos os pesares causados pelo Ministério da Educação, é a este que compete o ensino básico ministrado no estrangeiro. Pois se o Ministério dos Negócios Estrangeiros não tem sabido fazer do Instituto Camões uma instituição irrepreensível, como quer fazer-nos acreditar que vai saber dirigir o ensino da língua pátria às crianças de famílias lusas? Não se estará a pôr o carro à frente dos bois? Não teriam de limpar, primeiro, o Instituto Camões e só depois tomar decisões de fundo? Não teriam, primeiro, de obrigar o Ministério da Educação a cumprir os seus deveres com as escolas, e quem as serve, no estrangeiro? Não receiam os frutos desta decisão dentro de poucos anos? Deviam recear”.
DA JUSTIÇA
Para Pensar
Monday, October 23, 2006
Sunday, October 22, 2006
ULTIMA RATIO: BOTAFUMEIRO!
O Jansenista também tentou a sua sorte. Em ambiente barriobajero; vestido de domador de leões e disfarçado de Almodóvar.
"¿Qué he hecho yo para merecer esto!" (Pedro Almodóvar, 1984)