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Je Maintiendrai

"... Le refus de la politique militante, le privilège absolu concédé à la littérature, la liberté de l'allure, le style comme une éthique, la continuité d'une recherche". Pol Vandromme

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Saturday, June 30, 2007

Romejskoe Carstvo

Eisenstein - Ivan o Terrível

DA MINHA ARCA EM SANTA SOPHIA
















Ainda as Galés - Exercícios Clássicos


ADVERSUS PRAXEAM

Antes da ordem do dia seguinte, em noite de insónia por excessos do dia anterior
A benefício da reafirmação da minha crença que escrever nesta área da blogosfera supõe uma atitude muito própria das velhas tertúlias, apanho o dardo do Jansenista, e procuro devolvê-lo à precedência. Podia não o fazer, levando estas caturreiras demasiado a sério, e susceptibilizando-me com as acusações preliminares que o Confrade me faz de (pelos vistos reiterada) sobranceria e condescendência. Quem me conhece tolera simpaticamente muitos defeitos que tenho, mas não, decerto, o de ser sobranceiro e o de cultivar a arte do patronizing. O Confrade atura aqui muitos comentários de variegadas proveniências, responde-lhes, irrita-se manifestamente; lá tem as suas razões e as bitolas por onde mede a grossura do chumbo que utiliza na volta do correio. Faça-me é a justiça de não considerar os meus comentários e as trocas de argumentos (e temos tido várias, com proveito meu) à luz de intuitos que, da minha banda e com todos os confrades, são simples e límpidos: troca de ideias, respeito, boa educação, gosto pela argumentação, humor, e também - não tenho nenhum problema em dizê-lo – aprendizagem. Saltaram-lhe da pena aqueles qualificativos porque leu no meu texto (onde a pena procura às vezes dar ideia da vivacidade verbal de uma discussão de tertúlia) algo que o dispôs a considerar o intuito do meu escrito como ofensivo? Tenho pena, porque ele é inexistente. Trata-se de uma figura de estilo, um expediente retórico que usou como expediente de captatio benevolentiae? Tenho pena também, porque mesmo para estilo soa um pouco despropositado e poderia ter o resultado inverso.
Mas vamos ao que interessa, para cumprir com o propósito.

Epígrafe
Não acredito que daqui saia muita coisa, porque, já dizia o velho das cautelas, “opiniães são opiniães”. Mas vou, caro confrade, pegando nas suas, esclarecer as minhas; é meu direito. E em primeiro lugar, e porque nos lêem, recordo que, fundamentalmente, escrevi o que escrevi a partir de um passo seu, que citei, e que torno a citar porque o Confrade, na réplica, entendeu não se lhe referir directamente. Ele aqui vai:

“Contraponho mesmo que não há Europa sem Turquia: o Direito que circula no continente europeu é um legado bizantino, uma reconstrução «oriental» da prática romana; a arte «grega» é geograficamente quase toda turca; Tróia é turca; sem a influência turca não teríamos, nem a estética veneziana, nem a russa; sem a Turquia não teria sobrevivido muita da tradição literária da patrística, sem a sua sombra tutelar muitos dos lugares sagrados do cristianismo não seriam senão uma recordação livresca.”

Posto isto, aqui também vão os esclarecimentos do que disse, e que, pela resposta, me parece não ter entendido, certamente por falta minha.

Do Solo e da Geografia
O Confrade Je Maintiendrai não gosta de argumentos geográficos, entendendo que isso seria «turquificar» ardilosamente coisas que se passaram efectivamente ali, mas que pelo facto de se terem passado ali não podem ser legitimamente invocadas por quem ali habita presentemente. Retenho o argumento e usá-lo-ei da próxima vez que vir alguém manifestar orgulho em ser português ou lisboeta pela simples circunstância de ter nascido ou viver em Portugal ou em Lisboa.”
Com toda a franqueza, não me parece que o argumento lhe faça honra estribado como está; identificação, tradição, continuidade referencial; é, ou melhor, foi nisso que se construía e fundava a nacionalidade, a cidadania e o sentido de pertinência. Penso que será isso o que está por detrás do facto de ainda hoje muitos desses “alguéns” – rejeitando ser apátridas, órfãos identitários ou meros citoyens du monde -- afirmarem o orgulho de ser portugueses e lisboetas, ou aveirenses ou escalabitanos. Continuo a pensar que as tradições, o sentido de pertença, a identidade histórica e cultural da Turquia de hoje tem tanto a ver com Justiniano, o Santo Estilita, o Cristianismo, a Tróia de Homero, os mosaicos dourados das basílicas ou o espírito da translatio constantiniana, como eu tenho a ver com a Dinastia Ming e as culturas pedregosas de Machu Pichu. Se se está a referir aos africanos arribados da cubata à periferia lisboeta, aos jogadores búlgaros de foot aqui casados ontem para efeitos fiscais, ou às brasileiras em busca de BI nacional pela via nupcial ajustada num cabaret, é outra coisa e já cá não está quem falou; mas também vou registar o argumento em sede de eventual discussão sobre a questão da legislação da nacionalidade.

Do Hinterland
Talvez haja alguma contradição no facto de, depois de se menosprezar o argumento geográfico, se chamar à colação o facto de o hinterland turco destoar do panorama urbano. Mas mais decisivo é que, se passamos à consideração da «paisagem do hinterland», então ficamos privados de dizer seja o que for acerca de «culturas nacionais»”.


Ora essa?! E que tem isso a ver com a minha digressão turística pelo hinterland turco? O Confrade Jansenista é que decretou “que não há Europa sem Turquia” escorando o argumento com a Turquia bizantina e a sua ligação umbilical a um passado comum. Será que depois de passear pelo hinterland se não percebe bem que a Turquia bizantina é meramente urbana e turística (se for)? Daí virão, certamente, aqueles “turcos urbanos, litorais e cosmopolitas” pelos quais o confrade tem manifesta simpatia e candidata hipoteticamente à preferência de entrada numa Europa em que não acredita.

Das Etnias
“O argumento étnico, nas palavras de Je Maintiendrai (ilustradas com o exemplo do hinterland), só serve para me dar razão: não há uma «etnia turca», ponto final. Não pode excluir-se, portanto, essa «etnia» com base em argumentos «étnicos»”.


Dou-lhe toda a razão caro Confrade, embora a questão da “etnia turca” não a tenha levantado; devolvo-lhe, portanto, o eventual argumento.

Da Bizantinice
“Tróia é turca”. Sem dúvida. O que só acentua a curiosa potencialidade da “turquificação” por efeito geográfico. Mas vamos escavar um pouco mais fundo. Se sabemos onde hoje fica Tróia ou nos extasiamos perante a fachada da biblioteca de Éfeso e outras maravilhas da Turquia mediterrânica, a gerações de arqueólogos europeus o devemos porque tiveram a arte e engenho para lidar a golpes de bakshish com a “sombra tutelar” das autoridades turcas. Se admiramos no British Museum os mármores do Partenon, à mesma oportuna corrupção exercida por Lord Elgin o devemos; pior sorte teve o dito templo, infelizmente explodido quando foi usado como paiol pelos Turcos. Mas isso hoje é problema dos Gregos.
Se não fora Ravena, Veneza, Kiev, Moscovo, mais a sua ortodoxia, e mais os armários da Biblioteca Apostólica Vaticana recheados com as colecções do Cardeal Bessarion exilado da Constatinopla caída, mais os cartapácios justinianeus com as glosas e a palavra dos canonistas conservados nos mosteiros da Itália, França ou Germânia, bem podia o Confrade andar hoje de lupa em punho na Turquia à procura dos efeitos dessa que chama a “sombra tutelar da Turquia” (otomana? ataturkiana?) na “tradição literária da patrística” queimada ou rasgada, ou em “muitos dos lugares sagrados do cristianismo” convertidos depois da queda de Constantinopla em mesquitas de mosaicos arrancados ou caiados, em estábulos, em hammans e armazéns.

Da Identidade
Escreve o Confrade: “o que sustentei, e sustento, é que não há uma «identidade cristã» que possa ser autonomizada e caracterizada, e menos ainda uma que possa servir de factor de exclusão (exemplo: integramos os protestantes e excluímos os ortodoxos? deixamos de fora os católicos tradicionalistas, ou os católicos Vaticano II? amnistiamos todos os cismas e heterodoxias? esquecemos as Guerras de Religião?). A menos que, em alternativa, digamos que aquela «identidade cristã» recobre tudo, e nesse caso ela perde qualquer utilidade semântica”.
Recobre tudo, exactamente; e precisamente porque como identidade essencial diz respeito a uma dimensão que é absolutamente alheia a vicissitudes de praxis ou opção interpretativa de verdades de praxis. Creio que, uma vez mais, confunde, desta feita, “identidade cristã” com uma “prática de cristãos” de que não falei. Confusão, em meu entender, desnecessária. O Catolicismo não é uno apesar da distância que vai do Papa Bórgia a João Paulo II? Bento XVI e o Patriarca de Constantinopla não se abraçaram apesar de muitos séculos de cismas e diatribes? Jesuítas Portugueses não se entenderam em latim com boiardos russos nas barbas do Imperador da China? Os inimigos ferozes de mil anos de guerras europeias não continuam a querer construir a Europa? Os católicos atravessam o canal da mancha em comboio veloz rumo a Londres a pensar na révanche pelo martírio de S.Thomas Morus? Aristóteles, Cícero, Platão, S. Inácio, Maquiavel, Kant, Dante, Erasmo, Voltaire, Proust, Schiller, Shakespeare, Pessoa, Bach, Mozart, Rembrandt, Miguel Ângelo, Velásquez, João Paulo II, Teresa de Calcutá, não são mais familiares aos Europeus de hoje do que é a história dos cismas, das campanhas de Napoleão, dos Albigenses, dos Bizantinos, do Girondinos ou da Conferência de Berlim? Eu acho que sim. E sabe porquê? Eu acho que sei, e aqui o torno a escrever: porque estamos todo os dias a escrever, a pensar e a reagir em função dessa moldagem cultural que resulta da cristianização dos Clássicos, e que, é de facto, o elemento estruturante e genésico do nosso pensamento, independentemente de sermos estóicos, epicuristas, escolásticos, kantianos ou nihilistas, laicos ou praticantes da igreja escocesa ou católica romana.

Do Direito
Quanto ao “Direito que circula no continente europeu” ser “um legado bizantino, uma reconstrução «oriental» da prática romana”, continuo na minha, que não é essa. Não duvido da respeitabilidade das fontes onde o Jansenista colheu a “paralaxe” e a aparente omissão de tudo o que é continuidade e criatividade e que vai do republicano Mucius Scaevola ao Imperial Justiniano. Mas como bem saberá, Justiniano (ou melhor, o seu jurista Triboniano) foi sobretudo um grande compilador da ciência jurídica romana anterior, ciência que brilhou, não pela orientalização bizantina, mas, sobretudo no sec. IV, pela conciliação do pensamento cristão com a sabedoria jurídica romana. Ou seja, o que o Jansenista leu, nos livros que pude ler nunca o vi, aos Mestres que um dia tive, nunca o escutei. Um deles era Sebastião Cruz e os outros uns espanhóis e uns italianos que não vale a pena citar porque ninguém já se lembra deles. E já agora, para acabar, outras “orientalizações”; mas que me lembre só têm a ver com a naturalidade dos juristas (e que juristas) -- Papiniano, Ulpiano ou Modestino, mas todos eles, zut!, três séculos anteriores a Justiniano -- ou com questões de teoria do Poder e divergências de trajectória em sede de questões político-eclesiásticas, e não do Direito que aqui “circula”.
A ideia da continuidade romana e a da descontinuidade bizantina daria pano para mangas e é tarde. Mas já que me dá a deixa para um espirro primário de pseudo-erudição, não lhe ensino, mas só lhe recordo (porque é jurista e é culto) a benefício da contraposição Roma/Bizâncio, que a mais célebre formulação e síntese jurídico-política da ligação entre Roma e o mundo --- Roma communis patria --- foi formulada por juristas e codificada por um Imperador em Constantinopla (Digesta Iustiniani 50, 1, 33), sendo que por Roma se entendia uma unidade quase jurídico-religiosa, i.e. não só a antiga mas também aquela fundada “deo propitio cum melioribus auguriis, Constantinopoli” (Codex Iustinianus 1, 17, 1, 10).
E menti; porque me lembro agora que outra das únicas orientalizações que detecto (e não no domínio do Direito, mas do pensamento político) é a doutrina fragmentadora, abastardante, gerada na historiografia grega ou oriental, da translatio imperii. É precisamente daí que nasce a “ruptura constitucional”, ou seja, a ideia de Império, não romano como o concebiam os juristas de Justiniano, mas meramente bizantino ou do Oriente ou “dos Gregos”. É precisamente aí que se passa a contabilizar, não uma Roma, mas a sucessão das três Romas: a 1ª a cesárea, a 2ª a constantinopolitana e a 3ª, a moscovita, o romejskoe carstvo, o império romano do Oriente extinto com o seu Caesar, ou Czar, num dia triste de 1918.
Que canseira para os leitores; de Justiniano a Lenine, imagine-se…

Do Opinativo
Estamos, enfim, no capítulo do de gustibus…
Permita-me que não lhe dê meças na admiração e respeito por “uma civilização ímpar e milenar, da qual me orgulho imensamente como cidadão do mundo”; aliás, também sinto o mesmo pela dos Chineses e pela dos Indianos e nem por isso, a uns e a outros, lhes vou fazer o favor de assumir como europeu as dores do crescimento e do desenvolvimento que indiscutivelmente merecem. Aos Turcos, só por serem hoje a “primeira linha de defesa contra a mais grosseira e cruenta das barbáries”? Não dou para esse peditório; exemplos da perigosidade do argumento temos nós de sobra, deixe contar, na China dos 40’s, na Indochina dos 50’s, no Vietname dos 60’s, no Japão dos 50 aos 60’s, na Pérsia dos 70’s, alguns matutos até falam de Israel, já para não lembrar o piscar de olho europeu a Putin na questão da Tchetchenia, ou a Hu Jintao no problema dos muçulmanos do Jinjiang, ou mesmo ao bom do Musharaf no caso do Afeganistão. E esqueçamos o discurso da Alemanha de Hitler face à Rússia, ou o dos regimes coloniais em África perante o expansionismo soviético dos 40’s aos 70’s . Até o defunto Rei Hassan de Marrocos também um dia veio com essa conversa para os vizinhos europeus. É o Jansenista que assina por baixo o atestado de respeitabilidade da Turquia mantida na linha pelo pingalim dos generais ou a garantia de não-detonação do produto? Eu não, nem mesmo – como dizia o velho Vinicius de M. – “escrito em baixo Deus e assinado em cartório do Céu!”. Aliás, desde a queda do império soviético há alguma coisa segura, estável e fiável, no mundo político de hoje?
Mais, em sede de opinar: “…a parte final da argumentação de Je Maintiendrai, passando de lado os menos acolhedores remoques de «tansos» e «não-tansos», labora num erro, o de que alguém tenha sustentado que a Turquia tenha pretensões a ser «europeia», como se ser-se «europeu» fosse um galardão ou uma questão de mérito. Ninguém é «europeu» por mérito, e o que haja de positivo numa das facetas do legado cultural de uma parte da Europa (não sei o que seja «identidade europeia» ou fantasmagorias do género) levar-me-ia a excluir, por demérito, muitos milhões de pessoas que nasceram na Europa – e, sim, a incluir alguns turcos urbanos, litorais e cosmopolitas.

E daqui lhe digo que não laboro em erro nenhum, porque o caro Confrade sofisma. Escrevi eu – e até remetia discretamente para o parecer de outros turcos também “urbanos, litorais e cosmopolitas” – que os “Turcos nunca olharam nem olham para a entrada na Europa como uma “reunificação” ou “ajuste histórico” a que aspirem de direito mas simplesmente como um processo de conquista de uma oportunidade, por via negocial, de consagrar e aggiornar um dos mais acarinhados objectivos de Ataturk: cortar com o passado e com o contexto cultural a que historicamente pertencem, pela adopção de ritos e compromissos que lhes assegurem a legitimidade da pertinência a um mundo que lhes foi sempre estranho, que é rico e que é tentador”. É um bocadinho diferente do que leu não é? De facto, não sei onde tenha eu escrito que a Turquia tinha pretensões a ser europeia: escrevi sim, e repito, que a Turquia tem pretensões a pertencer um mundo que lhe foi sempre estranho, que é rico e que é tentador; e acrescento, cuja chave da porta, por vontade de um sector dos europeus, lhe seria dada de bandeja, porque já foi dada a outros com títulos muito menos convincentes.
Ainda no opinativo, quanto a saber-se “se amanhã a ameaça nos chegasse primeiro à Península Ibérica, eu gostaria de saber que alguns irmãos turcos, vítimas ou não de uma «ocidentalização forçada», se empenhavam na nossa defesa por se orgulharem, também eles, de coisas que outrora se passaram neste espaço que fugazmente ocupamos em fideicomisso”. Francamente falando caro Confrade, e sem qualquer “sofisticação argumentativa” deste seu criado, não vá contando com isso; acho que os “irmãos turcos” se estariam positivamente nas tintas; para isso e para a regra de oiro.
Finalmente, com o Jansenista, admito que “do que se trata é de saber é se a Turquia vai continuar a defender os interesses de segurança da Europa, se é defendida ela própria ou se é «abandonada à sua sorte». Mas por mim passo; esta fica para outro. E como também não sou politólogo e comentarista político na tv, o que é dizer, a Sibila de Cumas ou a Pitonisa de Delfos, só me resta encerrar com um suspirado, “o futuro a Deus pertence”.


Nota final. Reconheceria sem dificuldade o lapsus calami de ter posto S. Tomás na Alta Idade Média; contudo, onde viu que o escrevesse e que sugerisse a sua correcção? Por estarem as palavras num mesmo parágrafo, aliás longo? Eu por mim, admito sem dificuldade o seu lapsus calami de ter posto S. Tomás a nascer na região de Ravena, rodeado de ícones bizantinos (“icon” à la americaine, não, decerto, no sentido pictórico)

Friday, June 29, 2007

Thursday, June 28, 2007


O RAPTO DA EUROPA

White founts falling in the Courts of the sun,
And the Soldan of Byzantium is smiling as they run;
There is laughter like the fountains in that face of all men feared,
It stirs the forest darkness, the darkness of his beard;
It curls the blood-red crescent, the crescent of his lips;
For the inmost sea of all the earth is shaken with his ships.
They have dared the white republics up the capes of Italy,
They have dashed the Adriatic round the Lion of the Sea,
And the Pope has cast his arms abroad for agony and loss,
And called the kings of Christendom for swords about the Cross.

G.K. Chesterton

Soam os canhões de Lepanto na blogosfera. Combustões saiu a terreiro com uma bombarda de honesta e escorreita prosa, como lhe é peculiar, sobre a adesão da Turquia à EU. Tão interessante a achei que lá lhe colei pr’a adjutório um pelouro discreto, a juntar a outro do veterano Réprobo. Saíram-lhe à proa as galés do Jansenista, despejando-lhe em cima duas tiradas de fogo grego. Combustões defendeu-se galhardamente apontando aos mastros de Port Royal, que, tant bien que mal, manteve o ritmo da remada com espaço para mais uma pelourada teimosa no portaló de Combustões. Antes que ainda apareça, ou desapareça, para ajuda, uma treda galé de Veneza, cá venho de vela aberta, peito feito e Santiago na boca a amparar a asa esquerda de Combustões.

Como já escrevi e aqui sugeri várias vezes, a Turquia é dos países que mais me fascinam; conheço-a relativamente bem e tenho, de longa data, bons amigos turcos; primorosos anfitriões como todos os Turcos, que me consideram e me dão o gosto de com eles discutir e pensar como em casa faria. Valho-me dessas vantagens e vamos aos argumentos.
Da frondosa argumentação do Jansenista, retenho a que mais me impressionou:
“Contraponho mesmo que não há Europa sem Turquia: o Direito que circula no continente europeu é um legado bizantino, uma reconstrução «oriental» da prática romana; a arte «grega» é geograficamente quase toda turca; Tróia é turca; sem a influência turca não teríamos, nem a estética veneziana, nem a russa; sem a Turquia não teria sobrevivido muita da tradição literária da patrística, sem a sua sombra tutelar muitos dos lugares sagrados do cristianismo não seriam senão uma recordação livresca.”
Ou seja, a benefício de argumentação, o Confrade Jansenista “turquificou” a Grécia e Bizâncio, e daí criou um argumento de dependência da Europa. Vamos por partes.
Em primeiro lugar, herança bizantina? Qual herança bizantina? O Império Romano sediado em Constantinopla, a 2ª Roma, nunca foi Bizâncio: foi a Roma da translatio constantiniana, o brilho de Hagya Sophia, a glória de Justiniano victor e legislador. A mesma Roma a que acresceu uma estética peculiar, que laborou sobre o mesmo Direito (que nunca “orientalizou” o Direito que hoje temos, ora que ideia) a mesma concepção integradora dos espaços sob a ideia da pax romana, a mesma concepção sacralizada e cristianizada do poder tardo-imperial. O termo “Império Bizantino” só foi cunhado mais tarde e ad derisionem quando em Constantinopla já se não falava latim mas grego. Sabe como já na Alta Idade Média apodavam os canonistas, os filósofos e os políticos do Ocidente ao pobre basileus de Constantinopla? Pois, graeculus; relíquia insignificante de uma cultura, de uma águia que já no tempo de S. Tomás de Aquino tinha há muito regressado do capitólio de Constantinopla aos das romas ocidentais. De facto, admitindo o conceito lato, “a cultura bizantina” só existe porque sobrevivente amparada na nossa cultura, e, sobretudo, na tradição cultural russa/ortodoxa fixada no mito da “Terceira Roma”.
Outra questão:
Bem sabemos que é belo, impressionante e comovente confrontarmo-nos com os vestígios gregos e bizantinos de Éfeso, Tróia, Niceia, Pérgamo ou Constantinopla, ou mais cá para baixo na magia dos túmulos Dálios, vestígios às vezes até bem mais impressionantes do que naquela terra de gente grosseira e fedorenta que é a Grécia. Mas, tirando a fímbria mediterrânica onde se aninham essas relíquias, calcula o que isso pouco conta na imensidade continental que é a Turquia? Vá o Jansenista pelos caminhos da Anatólia, nas rotas do Mar Negro, ou já para lá de Ankara; o que se lhe depara é de uma extraordinária riqueza cultural, mas estranho, pouco familiar e bizarro; colossos pétreos, cidades muralhadas e túmulos ciclópicos, bazares, rostos, cores e tecidos, tudo a ressumar pelos poros uma Ásia que indiscutivelmente começa ou continua ali. Ou até a música do povo da rua e dos campos, maravilhando-se, porventura, com os sistros, com as cornetas estrídulas ou com a respeitadíssima cítara horizontal de corda metálica que, parece, remonta aos Assírios. Onde as guitarras, os pífaros, ou a paraphernalia instrumental celta que vai das cornemuses bretãs à gaita gallega de Pontevedra? Em nenhures; é a terra dos Frígios e de outros povos desaparecidos no tempo que já mesmo sob Império Romano estavam fora do limes da romanitas. Bem sei que bárbaros eram também esses povos, hoje europeus, que César enumera no De Bello Gallico; pois sim; mas quantos anos têm eles de continua imersão num mundo cuja romanitas continuou sustentada na christianitas? Porque nos parece que o caro Jansenista cai em confundir “identidade cristã” com “prática religiosa cristã”, no sentido de minimizar a primeira por colagem ao quantitativo (hoje cada vez mais esquálido) da segunda. Engano-me, ou foi este precisamente um dos mais erróneos argumentos da purga das referências à herança cristã do malfadado projecto de Constituição Europeia? O Jansenista, e nós com ele, estamos todo os dias a escrever, a pensar e a reagir em função dessa moldagem cultural que resulta da cristianização dos Clássicos, e que, é de facto, o elemento estruturante e genésico do nosso pensamento, independentemente de sermos estóicos, epicuristas, escolásticos, kantianos ou nihilistas, laicos ou praticantes da igreja escocesa ou católica romana. Não é na Turquia que vai encontrar esse sustento; encontra sim – e di-lo bem o confrade das Combustões -- um caso de sucesso de ocidentalização ferreamente aplicado que não tem 100 anos. Nas vésperas da conquista de Constantinopla em 1453, no que hoje conhecemos como Turquia, já muito pouca gente pensava ou vivia ou recordava em termos culturais clássicos, à excepção desse enclave que era Constantinopla – mínimo por contraste com a desmesura do continente que avançava a Oriente -- e do rosário de mosteiros tolerados pela férula otomana. Seiscentos anos passados sobre a morte do último Paleólogo, ainda tudo isso se acentuou. Qual filosofia, qual língua, qual religião, qual quadro mental, qual ciência, qual estética perpetuada do clacissismo latino-oriental pela mão dos Otomanos? O genial albanês Ismail Kadaré (cujo “realismo fantástico” tanto lembra Garcia Marquez) tem escrito longamente sobre esse processo de “niilização cultural” tão característico do mundo otomano. E tão eficaz que, sobre essa descontinuidade, foi necessariamete por recurso a fraudes e mitos que os Gregos e os Romenos dos nossos dias, desentranhados do Império Otomano, tiveram que erguer ab ovo os mitos nacionais fundados numa fantasiosa continuidade cultural desde a aetas aurea dos cidadãos de Péricles ou das legiões de Trajano na Dácia.
Avançou-se, e bem, em meu entender, com o argumento étnico. Mas são irrelevantes as etnias nesta questão, como quer o Jansenista? Serão aqui na Europa e no torrão, pois, à parte as tiradas folclóricas de uns poucos de tontos, 9 milhões de portugueses estão-se a marimbar para se vêm dos celtas, dos godos, dos judeus, dos pretos ou dos legionários gauleses de Junot. No entanto, inquira um Turco de hoje e ele lhe dirá que sabe muito bem que é de origem iemenita, albanesa, egípcia, síria, azeri, e, sobretudo, lá no centro sagrado da Anatólia, turk, da raça dos seljúcidas e dos conquistadores de Mehmet II Fatih; sobretudo, todos, todos, se o não forem, lhe dirão com ênfase que não são curdos, porventura um dos maiores grupos étnicos que se agita e rumina vinganças das portas de Ankara aos limites de Mossul, no Iraque.
Qual afinidade, pois? Aproximação fundada na gratidão devida à Turquia por ser o repositória da tradição greco-latina a Oriente? Ora batatas. Num país que esturrou bibliotecas clássicas, que vendeu a Lord Elgin o que sobrou do Partenon e onde só há 3 ou 4 anos é que começaram a arrancar o estuque e a tinta que cobria os mais belos mosaicos dos templos bizantinos da capital? Justamente sugeriu Combustões que, à parte a coincidência no mesmo sítio geográfico, a Turquia tem tanto a ver com Bizâncio, como o Ben Bela da Argélia tem a ver com S. Agostinho de Hipona, Amílcar de Cartago com o Presidente da Tunísia, ou Akbar Shah com Jawarlal Nehru.
Por outro lado, na Europa, até na Boémia ou na Polónia se sabe há mil anos o que são os caminhos de Santiago de Compostela. Mas se um dia, na Turquia, quiser chegar à velha Iconia, com o Xenofonte nas mãos, porventura na rota de Paulo de Tarso, pergunte pelo caminho que nenhum turco será capaz de o guiar. No entanto, se inquirir de um qualquer campónio entretido no cultivo das suas hortas à beira da estrada onde fica, não Iconium mas Konya, ele lho dirá, até porque sabe que é lá o santuário e a última morada do afegão Mawlānā Jalāl-ad-Dīn Muhammad Rūmī, patrono dos derviches dançarinos, uma das glórias do mundo e da cultura religiosa islâmica. Ande pelas madrasas à sombra da Mesquita Azul de Istanbul e invoque o Código Justinianeu; responder-lhe-ão com o peso das fatwas e a lembrança heróica da eficácia mortal de um katil farman, um decreto de morte emitido por Sultões de gloriosa memória. Pergunte onde doiram o mosaico como o que ainda brilha em S. Irene e respondem-lhe com a pervivência da arte soberba da caligrafia arábica das tughras otomanas. As glórias do general bizantino Belisário, quando muito só se recordam em Roma nas cátedras de história de La Sapienza ou à sombra das ruínas das igrejas e dos hospícios que criou ali à sombra do que é hoje a Fontana de Trevi. Mas na Turquia qualquer gaiato na rua sabe quem foi Kara Pashah ou o Khayr ud-Din, aquele que nós só conhecemos como Barbarroxa, enxotado de Argel pela artilharia da nau Cagafogo às ordens do almirante António de Saldanha. No Loire e em Versailles maravilhe-se com os espectáculos son & lumière onde se recriam os bailados alambicados do Grand Siècle. Mas vá amanhã aos jardins do Topkapi e o que verá, no meio da multidão entusiasmada, é a recriação da ordem unida e dos cânticos bélicos da guarda dos Mamelucos antes de partir para a guerra, calcula-se contra quem… Essas são as continuidades profundas da Turquia, disciplinada pela bota pesada dos generais herdeiros de Ataturk. E repare que lá porque nestas praias somos uns tontarrões de uns consumistas sem memória e castrados pelo politicamente correcto, esquecidos que gozámos durante 300 de uma união europeia de facto, de Portugal à Rússia, da Suécia à Itália, baseados no desígnio único de defesa e ataque ao Turco, é razão para fechar os olhos ao facto de que consciência cultural e orgulho histórico são absolutamente vitais na compreensão da mentalidade turca de hoje e que assim se funda há quase mil anos no confronto agónico com o Ocidente Europeu?
Quer isto dizer que os Turcos alimentam qualquer desígnio de révanche sobre a Europa? Não; mas digo que há mais do que elementos marcantes e suficientes para uma distinção e para um afastamento que retira qualquer fundamento de adesão baseado em critérios identitários culturais e históricos, que são os únicos que viabilizam uma ideia credível de Europa. E até digo que os Turcos nisto são os mais honestos. Porque, sabe o que pensa e às vezes até verbaliza qualquer turco, já nem digo vulgar, mas medianamente culto e informado? Pois se não sabe, aqui lho digo: que o Turcos nunca olharam nem olham para a entrada na Europa como uma “reunificação” ou “ajuste histórico” a que aspirem de direito (como é admisível de Lisboa a Bucareste), mas simplesmente como um processo de conquista de uma oportunidade, por via negocial, de consagrar e aggiornar um dos mais acarinhados objectivos de Ataturk: cortar com o passado e com o contexto cultural a que historicamente pertencem, pela adopção de ritos e compromissos que lhes assegurem a legitimidade da pertinência a um mundo que lhes foi sempre estranho, que é rico e que é tentador. Nós que paguemos a factura, o problema é nosso, já que estamos habituados a outras como a da África, a do colonialismo, a dos emigrantes, a do género, a dos palestinos, a do holocausto, et al. Muito certo; mas pergunto-me: que obrigação tem a Europa de suportar as dores de parto da ocidentalização dos Turcos? Por interesse já basta a NATO. Agora, adesão? Para ajudar defender os Turcos da voragem islamita e as modernas virgens turcas da tirania do capote e lenço, como parece querer o Jansenista? Virgem Santa, que bizarra cruzada. Porque bulas? Tanso não é quem requer, é quem defere.

Wednesday, June 27, 2007

JAPONICA II - Kiss me Tiger, Teach me tiger





...só faz sentido em japonês

April Stevens Teach Me Tiger












































JAPONICA - I Lost in Action

Recensão atrasada das estampas japonesas de Hokusai anunciadas chez Port Royal.


À propos, eu tinha um volumezinho bem interessante sobre estampas japonesas de Toshusai Sharaku, mas, acabadinho de comprar, ficou esquecido num banco do Metro, algures em Londres. Estava ainda sob o efeito de experiência mística incomparavelmente narrada por Paul Johnson num número recente do The Spectator, 5.5.07, "The English: the ‘missing persons’ of Europe":

"... So where does all that leave the English? Where indeed? I am beginning to think the English no longer exist. Westbourne Grove, just off which I live, I call Calcutta West, a throbbing hub of Afro-Asian activity now supervised by beady-eyed Polish overseers. When I looked round the Tube compartment in which I sat the other day, what did I see? Picasso’s younger brother, wearing his Andalusian Moroccan face, not his Catalan one. Gandhi’s charlady. The famous Fakir of Ipi, missing these 60 years. Chopin’s absconding solicitor. Idi Amin’s grandson, Charlie. The head girl of the Ecole Normale Supérieure. Carmen Miranda’s kid sister. The boatman from Sanders of the River. Fu Man Chu and his girlfriend, Gunga Din’s grand daughter. And doesn’t that big bearded man look suspiciously like Genghis Khan, or one of his 12 million descendants? I admit that when I’m in West Somerset, the English still make a furtive appearance. They are recognisably Wessex types indeed, but give the impression that Ethelred the Unready is still on the throne, the next Viking invasion imminent and Danegeld not yet collected. But they don’t seem to care much. They have given up. If there is still such an entity as the English, their salient characteristic is apathy."



Turkish Delights

A Turquia não deve, não pode, não vai entrar. Em Combustões, perfeita formulação da questão para quem ama, admira e já tem saudades de um dos mais fantásticos países e culturas do velho Mediterrâneo.

Tuesday, June 26, 2007

Os Antigos e os Modernos
O Prof. José Adelino Maltez acaba de nos prestar um serviço de interesse verdadeiramente nacional com a publicação de uma lista exaustiva de ilustres pedreiros-livres dos tempos em que este chiqueiro nacional até na pedreirada tinha nível. Presente o rol de pataratas da tal revista recente e mais o pungente estenderete humano e intelectual que no outro dia na BNL assistia à inauguração da expo Oliveira Marques, caro Prof. Maltez obrigadinho por nos mostrar que até o ilustre Grémio tem razão para resmungar entre duas tiradas de compasso e um dobrar de avental: “O que eu fui e no que eu me tornei…” .

PScriptum
E estou melhor que o confrade das Combustões que não dizia nada e tem lá um tio, perdão, avô.. Eu não sabia nada e tenho lá dois tios e um avô. E esta! como diria o Pessa… Que raio de gente tão discreta e apagada…

Monday, June 25, 2007

Fellini 8 1/2 - Entrevista com o Cardeal



Qualitas & Dignitas
O Jansenista fala-nos em “momentos de qualidade”; pessoalmente não gosto da palavra “qualidade” pela vulgarização da sua utilização em tudo o que por aí vai, de iogurtes a cuecas e condomínios. De eleição? De êxtase? De emoção? De felicidade? Únicos? Marcantes? Soa tudo a pouco para aquilo que o confrade quer sugerir; especiais diria eu por dizer. E todos nós passamos – e os anos que passam a isso ajudam -- por esse bilan não do que conta mas do que vai contando no fluir da vida, como se nele buscássemos alguma justificação para o que nela vamos fazendo. Gosto de pensar que o carpe diem poderá não ser mais que um apelo ao investimento no dia que passa, a ver se no somatório dos muitos que correm fica alguma palheta de oiro que anime o tal bilan.
O que faz a diferença não é tanto o privilégio – inerente à natureza humana -de “qualificar”, mas o privilégio de atingir a profundidade das razões que nos permitem qualificar, ou por outras palavras, a natureza, a espécie, a elevação de referenciais de qualificação. A dignitas uns pontos acima da qualitas. E a constatação íntima da relevância objectiva dos nossos referenciais, sim, essa, pode ser um motivo de auto-lástima ou fonte de infinda satisfação. Mais do que seleccionar “momentos de qualidade”, interessa-me conhecer os referenciais em função dos quais se articula a acção de ponderar, equacionar, contabilizar o que vai ficando numa vida. Para uns trastes, a capacidade de “ultrapassar”; para os gourmands os momentos de êxtase palatal; para uns, a capacidade de doação pessoal, para alguns o inventário da sedução, para muitos o reconhecimento de um gesto de afirmação intelectual, para outros “uma colecção privada de triunfos contra o medo da alienação e da irrelevância, de remates positivos num diálogo interior”. Possivelmente, o toque de eterna humanidade talvez seja o despretencioso blend de tudo. Lembra-me aquela passagem de Lampedusa, a impressionante cena do debate íntimo do agónico Salina no acto de “qualificar” e o confronto com o magro resultado da operação:

“…Tancredi. Certo, molto dell'attivo proveniva da lui: la sua comprensione tanto piú preziosa in quanto ironica, il godimento estetico di veder come si destreggiasse frà le difficoltà della vita, 1'affettuosita beffarda come si conviene che sia; dopo, i cani: Fufi, la grossa mops della sua infanzia, Tom, 1'irruento barbone confidente ed amico, gli occhi mansueti di Svelto, la balordaggine deliziosa di Bendicò, le zampe carezzevoli di Pop, il pointer che in questo mo­mento lo cercava sotto i cespugli e le poltrone della villa e che non lo avrebbe più ritrovato; qualche cavallo, questi gia più distanti ed estranei. Vi erano le prime ore dei suoi ritorni a Donnafugata, il senso di tradizione e di perennità espresso in pietra ed in acqua, il tempo congelato; lo schioppettare allegro di alcune cacce, il massacro affettuoso dei consigli e delle pernici, alcune buone risate con Tumeo, alcuni minuti di compunzione al convento fra l'odore di muffa e di confetture. Vi era altro? Si, vi era altro: ma erano di già pepite miste a terra: i momenti sodisfatti nei quali aveva dato risposte taglienti agli sciocchi, la contentezza provata quando si era accorto che nella bellezza e nel carattere di Concetta si perpetuava una vera Salina; qualche momento di foga amorosa; la sorpresa di ricevere la lettera di Arago che spontaneamente si congratulava per 1'esattezza dei difficili calcoli relativi alla cometa di Huxley. E perche no? L'esaltazione pubblica quando aveva ricevuto la medaglia in Sorbona, la sensazione delicata di alcune sete di cravatte, 1'odore di alcuni cuoi macerati, 1'aspetto ridente, 1'aspetto voluttuoso di alcune donne incontrate, quella intravista ancora ieri alla stazione di Catania, mescolata alla folla col suo vestito marrone da viaggio e i guanti di camoscio che era sembrata cercare il suo volto disfatto dal di fuori dello scompartimento insudiciato. Che gridio di folla. "Panini gravidi!" "Il Corriere dell'Isola!" E poi quell'anfanare del treno stanco senza fiato... E quel1'atroce sole all'arrivo, quei sorrisi bugiardi, 1'eromper via delle cateratte...
Nell'ombra che saliva si provò a contare per quanto tempo avesse in realtà vissuto: il suo cervello non dipanava piú il semplice calcolo: tre mesi, venti giorni, un totale di sei mesi, sei per otto ottantaquattro... quarantottomila... V840.000... Si riprese. "Ho settantatré anni, all'ingrosso ne avrò vissuto, veramente vissuto, un totale di due... tre al massimo." E i dolori, la noia, quanto erano stati? Inutile sforzarsi a contare: tutto il resto: settant'anni…”




CONSUMATUM EST

A esta hora a nata do regime está a consagrar entre dois croquettes e um cortejo de miradas de papalvos "cultos" uma das maiores barbaridades que no plano cultural nos foi dado assistir. A televisão lá nos quis preparar no outro dia, pondo o troglodita a articlar duas ou três frases donde só ressumou manha campónia e a satisfação primária de enrolar como uma mortalha lambida uma pobre tonta com responsabilidades na Cultura, melhor, todo um Governo, e o próprio País a que diz pertencer. Não tenho por hábito repetir escritos, mas, francamente, nada mais encontro para dizer que o já dito há um ano

"O Presidente da República, ao viabilizar o diploma que consagra a negociata do Governo com o argentário Joe Berardo, teve a frontalidade de apontar ao carácter leonino da operação, e, por extensão, a incapacidade de um Governo de tansos para defender o interesse público face à arrogância de um mestre de obras arvorado em mecenas. Que para mais se diz ofendido pelo Presidente!
Andámos anos a assistir ao romance e às birras do Joe, que à força queria entrar pela porta grande dos patronos das artes em Portugal. E com razão: em tempos em que “poderoso caballero es Don Dinero”, porque é que o Berardo não havia de enfileirar com o Rei D. Fernando, com Anastácio Gonçalves, com Lacerda, com Espírito Santo, com Gulbenkian?!
Contra a cuidadosa política dos antecessores, que tant bien que mal ainda mantiveram uma réstia de vergonha nas ventas, a iluminada (no sentido medieval) senhora que preside aos destinos da Cultura teve um rasgo, e levou o Berardo aos altares das Artes, à custa da dignidade pública.
E tudo isto dá que pensar.
Em primeiro lugar, a questão da Colecção Berardo, não é uma questão de arte nem de um mecenas injustiçado; coitado do Berardo que mal sabe alinhavar duas palavras seguidas; aliás, está por contar quem é e onde pára o adviser que teve o conhecimento, engenho e arte de lhe fazer a colecção. Ou pensavam que o homem era da estirpe de connoisseurs como Espírito Santo, Gulbenkian ou mesmo António Champallimaud de cujo refinado gosto de coleccionador ficámos a saber pelo catálogo da FMRicci? Fica tão bem por saber se o espólio é assim tão, tão, tão deslumbrante que justifique o embevecimento palerma dos media e correspondente agachamento dos poderes públicos à vaidade e ao novo riquismo do Joe.
Em segundo lugar, o caso Berardo é exemplificativo da baixaria do nível dos nossos argentários no que às Artes respeita e no que ao espírito mecenático toca. Comerciantes e homens da banca são uns toscos alheios a tais ninharias, e os que pretendem não ser, mal resistem ao riscar da unha: v.g. Monjardino e o patético e mirífico Museu do Oriente (que à parte bacalhaus, pouco mais tem para lá pôr que a tralha da dinastia Tanga comprada nos tin-tins de Macau), ou Jardim Gonçalves e a sua Fundação especializada em recuperação de imóveis para agências bancárias ou no monopólio do S. Carlos, como se de uma espanhola por conta se tratasse.
Em último lugar, o caso Berardo é um atestado de deslumbramento parolo dos nossos Governantes, rendidos miseravelmente à chantagem do Joe. Espicaçados pelo concessão da carica da Légion ao amigo Joe pelo embaixador da república dos cabeleireiros e dos perfumistas, e com medo que o nosso madeirense fosse patrioticamente levar a tralha modernista para onde melhor lhe afagassem o coiro, toca de lhe dar o CCB, e o controlo majestático da ucharia.
Cavaco andou muito bem em largar a farpa. O Joe lá respingou, ofendido, diz ele. E a nossa iluminada? Tem alguma coisa a dizer?
Sorte a nossa da colecção não ir lá muito bem com a Torre de Belém ou com o Mosteiro da Batalha, senão...

Faz hoje 32 anos
A pena inspirada de Combustões retoma a memória de memórias sagradas. Num tempo em que há cada vez menos memória e se perde o sentido da sacralidade familiar, permita-me que daqui lhe diga, como já o sugeri, que às suas memórias não as deixe de botar em letra de forma.

PELA MANHÃ DENTRO

Anger Management



PELA NOITE DENTRO
Natalie Wood revisitada


Eres mas guapa cada vez te veo!

West Side Story - Natalie Wood "I Feel Pretty"

Friday, June 22, 2007




PELA NOITE DENTRO - Erhu

Comentava há pouco na casa do confrade Jansenista, num mood de melancolia que a tertúlia também consente. Veio-me não sei porque carga de água – influência indirecta das notas abaixo – a recordação de experiências estéticas vividas já num passado que começa a ser distante. O erhu (lit. “duas cordas”) foi-me muitas vezes o sustento dessas emoções; não creio que seja familiar aos ouvidos dos melómanos da nossa tertúlia; mas não é uma beleza? Interessante a inesperada desproporção das potencialidades poéticas das duas cordas do erhu e das várias cordas do violino.

"Butterfly Lovers" Concerto para Erhu - Philharmonic of China

"Butterfly Lovers" Concerto para Violino - 1º andamento 梁祝小堤琴協奏曲1

東方紅
O NEGRO PASSADO DE JM

保衛黃河 - 殷承宗

Yellow River Piano Concerto 黃河鋼琴協奏曲(1969-70): IV 保衛黃河

Thursday, June 21, 2007

Pela Noite Dentro - Esperança ou Desencanto?

Fellini - Sul significato dell'arte

Satyricon - Fellini

Monday, June 18, 2007

















INDES GALANTES

"Forêt paisibles,
Jamais un vain désir ne trouble ici nos coeurs.
S'ils sont sensibles, Fortune, ce n'est pas au prix de tes faveurs"

Soberbo fecho de noite lisboeta em pagode gastronómico onde pontifica um cordon bleu da blogosfera. Chapeau à plumes ras le sol...

Rameau, Rondeau Les Indes Galantes
Magali Léger et Laurent Naouri

Thursday, June 14, 2007

"Sola" Diana Navarro













Parar por parar...
que seja num Parador


O Confrade Jansenista, que espia lá das frestas de Port Royal o mínimo deslize ou assomo probabilista deste v/ criado, desta feita exorta-me à modéstia na hospedaria espanhola, deitando à valeta das vaidades os muito cá de casa (eram, eram...) Paradores de León, Oropesa ou o dos Reyes Católicos (onde bem, aliás, se aconchega o bordão e a vieira do peregrino, antes de partir para as outras vieiras, as do gastrónomo filogalego). E dá-me como exemplo (e bem escolhido) de humilladero jansénico, o Parador de Jarandilla de la Vera, melhor chamado "de Carlos V", pelo que bem relembra de associação ao fantasma do "Imperador de Yuste, meditando sobre o destino pírrico da «grandeza», sobre as ilusões do «mundo»...". Não vá sem resposta em matéria de ascetismo de maravilha: esqueça as plumas fanées do Gran Carlo, recorde o último dos Nazries, aconchegue o albornoz, suspire como o moiro despojado e acomode-se com um bom livro na pequenina jóia que é o Parador de S. Francisco, dentro da própria cerca do Allambra.

Monday, June 11, 2007

Ala! Para Espanha! Já só faltam uns dias...

Caetano Veloso - "Habla con ella"











Saturday, June 09, 2007




O ESPÍRITO MUI AUSENTE













É TRISTE DIZÊ-LO

Tem razão o autor d'o Portugal dos Pequeninos e como compreendo que chegue ao tanto do brado de Jorge de Sena. Entre o Estado, com a cara, os tiques e as disfunções da má moeda de Boliqueime, a lista estafada dos medalhados no dia que só por mofa se associa ao nome-símbolo do que isto foi e já não é, a assunção abusiva da celebração nacional quando ainda há dias se assistia ao folclore da prostituição ou bodo aos pobres da própria nacionalidade, o estendal das misérias e das vilanias da governança que merecemos bem escarrado na lista do Dr. Costa (que às outras nem vale a pena ver), só apetece dizer como o vencido da vida: "isto dá vontade de morrer..."


A Portugal

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.

Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
a pouca sorte de nascido nela.
Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.
Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fatua ignorância;
terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;
terra de monumentos em que o povo
assina a merda o seu anonimato;
terra-museu em que se vive ainda,
com porcos pela rua, em casas celtiberas;
terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
terra de pedras esburgadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço.
És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não.

Jorge de Sena

Thursday, June 07, 2007

Ele vai aí uma confusão…
Ditame bem claro da Congregação para a Doutrina da Fé, Roma, 26.XI. 1983 (n.b. pontificado de S.S. o Papa João Paulo II): "...Fica portanto inalterado o juízo negativo da Igreja no tocante às associações maçónicas, já que que os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja, sendo por isso proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertençam às associações maçónicas estão em situação de pecado grave e por isso impedidos de aceder à S. Comunhão". E, já agora, o natural complemento no cânone 1374: "...seja punido com justa pena aquele que dá o nome a uma associação que conspira contra a Igreja". Está tudo num livrinho que muito Senhor Padre e acólito devia ler e estudar e que, em qualquer língua de gente, dá pelo nome de Manual de Teologia Moral.
Ora, entre uma revista bem pensante onde o pessoal alegadamente pedreiro-livre se auto-arrola vaidosamente tal como na "Caras" o fazem a pataco os amigos do cafre Castelo-Branco, entre um Bispo que, resignado e resignatário, só agora descobre a pólvora e denuncia o que devia ter denunciado no activo como pastor de mitra e báculo, e entre, para remate, um milenarista da cepa do Agostinho da Silva, que, numa confusão liberdadeira, mistura o Papa Leão XIII, o Fernandes Tomás, o Herculano, o Egas Moniz, o Edmundo Pedro e o meu querido e saudoso P. Manuel Antunes s.j., e ainda acredita no Pai Natal para gozo dos lojistas lá do palácio do Bairro Alto, não sei se ria, não sei se chore como cantava o saudoso Carlos Ramos…



























CORPUS CHRISTI

T
empos houve em que era Dia Santo e também de festa do alfacinha. Hoje nem apetece; outras formas há, e mais recatadas, de meditar o Mistério. Para ver o triste cortejo da hierarquia eclesiástica que temos, o basbaque nacional de rabo encostado à montra e o turista que bate a chapa, mais vale ficar em casa ou ir arejar às hortas. Tempos houve em que às duas varas grandes do pálio ia El-Rei e uma figura digna que se chamava Presidente da Câmara. Gravados em lápides de mármore, lá estão pela entrada dos Paços do Conselho os nomes dos que durante séculos ocuparam o cargo que também noutro tempo se chamou de Presidente do Senado da Câmara. Não sei nem já me interessa ver o que ficou de tudo. Calculo que, arvorada às dignidades vazias por omissão, só tenha ficado a lixarada pitoresca com que na ocasião se entretinha a populaça da capital: um S. Jorge de pau, o homem de lata, uma égua, uma mula, lacaios de libré, o petiz ranhoso e o preto da charamela. As eleições estão à porta.

Monday, June 04, 2007


SAINT-SIMON POR CÁ TAMBÉM


“…II faut encore le dire. L'esprit du Roi etait au-dessous du mediocre, mais très capable de se former. Il aima la gloire, il voulut l'ordre et la règle, il était né sage, moderé, secret, maître de ses mouvements et de sa langue ; le croira-t-on ? II etait né bon et juste, et Dieu lui en avait donné assez pour être un bon roi, et peut-être même un assez grand roi. Tout le mal lui vint d'ailleurs. Sa première education fut tellement abandonnée, que personne n'osait approcher de son appartement. On lui a souvent ouï parler de ces temps avec amertume, jusque-la qu'il racontait qu'on le trouva un soir lombe dans le bassin du jardin du Palais-Royal a Paris, ou la cour demeurait alors. Dans la suite, sa dépendance fut extreme. A peine lui apprit-on a lire et a ecrire, et il demeura tellement ignorant que les choses les plus connues d'histoire, d'evenemenls, de for­tunes, de conduites, de naissance, de lois, il n'en sut jamais un mot. II tomba par ce defaut, et quelquefois en public, dans les absurdités les plus grossières […] Jamais personne ne donna de meilleure grâce et n'augmenta tant par là le prix de ses bienfaits. Jamais personne ne vendît mieux ses paroles, son souris même, jusqu'à ses regards. Il rendit tout precieux par le choix et la majesté, à quoi la rareté et la brieveté de ses paroles ajoutait beaucoup. S'il les adressait a quelqu'un, ou de question, ou de choses indifferentes, toute 1'assistance le regardait; c'etait une distinction dont on s'entretenait, et qui rendait toujours une sorte de consideration. II en était de même de toutes les attentions et les distinctions, et des preférences qu'il donnait dans leurs proportions. Jamais il ne lui echappa de dire rien de desobligeant à personne, et, s'il avait à reprendre, à reprimander ou à corriger, ce qui était fort rare, c'était toujours avec un air plus ou moins de bonté, presque jamais avec sécheresse, jamais avec colére, si on excepte l'unique aventure de Courtenvaux, qui a été racontée en son lieu, quoiqu'il ne fut pas exempt de colére, quelquefois avec un air de severitée. Jamais homme si naturellement poli, ni d'une politesse si fort mesurée, si fort par degrés, ni qui distinguat mieux l'âge, le mérite, le rang, et dans ses réponses, quand elles passaient le «Je verrai», et dans ses maniéres. Ces étages divers se marquaient exactement dans sa manière de saluer, et de rece­voir les révérences lorsqu'on partait ou qu'on arrivait. Il était admirable a recevoir differemment les saluts à la tête des lignes à l’armée ou aux revues. Mais surtout pour les femmes rien n'était pareil. Jamais il n'a passé devant la moindre coiffe sans soulever son chapeau, je dis aux femmes de chambre et qu'il connaissait pour telles, comme cela arrivait souvent a Marly. Aux dames, il ôtait son chapeau tout a fait, mais de plus ou moins loin ; aux gens litrés, a demi, et le tenait en l’air où à son oreille quelques instants plus ou moins marqués; aux seigneurs, mais qui l’étaient, il se contentait de mettre la main au cha­peau. Il parlait comme aux dames pour les princes du sang. S'il abordait des dames, il ne se couvrait qu'aprés les avoir quittées. Tout cela n'etait que dehors; car dans la maison il n'etait jamais couvert. Ses réverences, plus ou moins marquées, mais toujours légères, avaient une grace et une majesté incomparables, jusqu'a sa maniére de se soulever à demi à son souper pour chaque dame assise qui arrivait…”

Saint-Simon, Mémoires, Caractère du Roi

Enquanto o Confrade Jansenista arromba e arrasa no Lycée Français...

…Je Maintiendrai mortifica-se nas obrigações da inculturação in partibus infidelium, e vai pensando que o nosso Confrade in poculis, esse sim, em termos de rigorismo e pessimismo antropológico à la Port Royal, anda um pouco relaxado… Coisas de afrancesado?

Sunday, June 03, 2007

A` livella

Glosando o tema da "contemptu mundi" e da morte niveladora de tudo, mas -- concessão derradeira aos sentidos -- ainda nas águas de Nápoles, o belo poema de Antonio de Curtis, que o cinema conheceu como Totò, "A`livella", na boca do próprio. Em bom napolitano, a desafiar o italiano clássico de Pedro Botelho."…’A morte ‘o ssaje ched’è? È una livella./ ‘Nu rre, ‘nu maggistrato, ‘nu grand’ommo,/ trasenno stu canciello ha fatt’o punto/ c’ha perzo tutto, ‘a vita e pure ‘o nomme:/ tu nun t’hè fatto ancora chistu cunto?/ Perciò, stamme a ssentì… nun fa’ ‘o restivo,/ suppuorteme vicino - che te ‘mporta?/ Sti ppagliacciate ‘e ffanno sulo ‘ vive:/ nuje simmo serie… appertenimo à morte".

Non cuivis homini contingit adire Corinthum


... E ascese e mortificação não significa abdicar do martelo das heresias. Uma vez mais, Roma vs. Paris.



















Em casa de brâmane espeto de pau....

Tinha razão o Jansenista. Mas que por ela não perca...






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